Lula recebe dirigente do Partido Comunista Chinês no Planalto

A visita de Li Xi ao Brasil demonstra que ambos os países querem fortalecer relações e oportunidades em várias áreas. A possível visita do presidente Xi Jinping em 2024 marca um momento crucial.

22.09.2023 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com Li Xi - Membro do Comitê Permanente do Politburo e Secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do Comitê do Partido Comunista da China, no Palácio do Planalto. Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Nesta sexta-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu em uma reunião de alto nível no Palácio do Planalto Li Xi, membro do Comitê Permanente do Politburo e Secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do Comitê do Partido Comunista da China. O encontro marcou um passo significativo nas relações bilaterais entre o Brasil e a China, dois gigantes econômicos globais.

Durante a conversa de cerca de 1 hora e meia, Lula ressaltou a forte relação que seu partido mantém com o Partido Comunista Chinês. Essa reunião é parte de uma série de esforços dos dois países para estreitar laços após um período de distanciamento durante o governo anterior, liderado por Jair Bolsonaro.

Acompanhando Li Xi estavam ministros de destaque, incluindo o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, o assessor especial, embaixador Celso Amorim, e a secretária-geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha. A presença desses membros do governo brasileiro destacou a importância do encontro.

O convite de Lula para que o presidente da China, Xi Jinping, visite o Brasil em 2024 foi reforçado durante a reunião. Em 2024, celebram-se 50 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a China, além dos 20 anos da criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). A visita de Xi Jinping, se aceita, será um marco nessas celebrações.

“Hoje recebi Li Xi, dirigente chinês que visita nosso país, sobre a relação entre Brasil e China, além de parcerias em infraestrutura, geração de energia e investimentos industriais”, declarou Lula. “É sempre uma alegria poder receber um país irmão. Um país com quem mantemos uma relação extraordinária, não apenas do ponto de vista comercial, mas do ponto de vista político”, destacou o ex-presidente.

O encontro também discutiu a intensificação da cooperação bilateral, com foco em investimentos e desenvolvimento tecnológico. Em um momento em que o Brasil busca atrair investimentos estrangeiros para seu novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula ressaltou as oportunidades que o país oferece.

O Planalto informou em nota que o ex-presidente destacou a intenção da Embraer de estabelecer uma unidade produtiva na China, algo que “deverá contar com todo o apoio do governo do país”. Ele também mencionou oportunidades para investidores chineses no lançamento do PAC, especialmente nas áreas de comunicações, infraestrutura e economia digital. Lula lembrou exemplos de investimentos recentes da China no Brasil, como a instalação da montadora BYD na Bahia e a construção da ponte Salvador-Itaparica.

Em relação às questões multilaterais, Lula e Li Xi concordaram sobre a convergência de posições dos dois países em temas como sustentabilidade, transição energética, combate à desigualdade e à pobreza, e reforma das instituições globais de governança política e financeira. Lula destacou as oportunidades que a presidência brasileira do G20 e a ampliação do BRICS representam.

Agenda prioritária

Xi Jinping, presidente da China, tem reduzido sua presença em agendas diplomáticas internacionais este ano, não comparecendo, por exemplo, à Assembleia Geral das Nações Unidas. No entanto, ele esteve presente na última reunião de cúpula dos BRICS em agosto, na África do Sul, e pode visitar o Brasil duas vezes em 2024, caso aceite o convite de Lula e participe do próximo encontro de chefes de estado dos BRICS, que será realizado no Rio de Janeiro.

O vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin (PSB), que preside a Cosban, recebeu Li Xi e sua comitiva no Ministério das Relações Exteriores na quinta-feira (21). Eles discutiram relações bilaterais e oportunidades para expandir a parceria comercial, que já é a principal do Brasil desde 2009.

Até julho deste ano, o fluxo de comércio entre o Brasil e a China atingiu US$ 88,46 bilhões, um aumento de 0,3% em relação ao mesmo período de 2022. O Brasil registrou um superávit de US$ 29 bilhões nessa relação, um aumento de 34% em relação ao ano anterior.

Intercâmbio partidário

Além dos aspectos econômicos, a visita de Li Xi ao Brasil também incluiu acordos políticos. Na quarta-feira (20), ele e a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, assinaram um acordo de cooperação entre as duas organizações partidárias. Esse acordo visa fortalecer as relações bilaterais, promover a comunicação estratégica e a confiança política mútua, e promover o desenvolvimento sustentável das relações entre China e Brasil.

Com esse documento, os partidos buscam intensificar as visitas de alto escalão entre si, realizar um “Seminário Teórico” anualmente e implementar planos anuais de intercâmbio e cooperação entre eles. Essa parceria política representa um passo importante em direção a um mundo multipolar e relações internacionais menos assimétricas, como destacado por Gleisi Hoffmann.

Li Xi também destacou que esse intercâmbio eleva a relação com o PT “a um novo patamar”. Essa aproximação política é vista como um reflexo das mudanças nas relações internacionais e das oportunidades que surgem no cenário global.

A visita de Li Xi ao Brasil, marcada por conversas políticas e econômicas significativas, demonstra o desejo de ambos os países de fortalecer suas relações e aproveitar as oportunidades de colaboração em uma variedade de áreas. A possível visita do presidente Xi Jinping em 2024 marca um momento crucial nas relações entre o Brasil e a China, com a celebração de marcos importantes e a abertura de novas oportunidades de cooperação.

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