Braga Neto será o próximo bolsonarista a ser encurralado na CPMI do Golpe

O depoimento, que já havia sido adiado, é um dos mais esperados no colegiado por ele ser considerado um dos principais arquitetos da tentativa de golpe de Estado

Ministro da Defesa, Braga Neto (Foto: Agência Brasil)

Candidato a vice na chapa de Bolsonaro e um dos aliados mais próximos do ex-presidente, o general Walter Braga Netto vai depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpista do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, na próxima quinta-feira (5).

O depoimento, que já havia sido adiado, é um dos mais esperados no colegiado por ele ser considerado um dos principais arquitetos da tentativa de golpe de Estado que resultou na invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes.

Assim como feito no caso do general Heleno, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), os parlamentares governistas pretendem ser contundentes na oitiva. Durante o depoimento, Heleno mentiu, entrou em contradição e optou pelo silêncio por diversas vezes.

“Após o depoimento de Heleno, a base aliada do governo preparar uma estratégia para tentar encurralar Braga Netto, desmentindo eventuais narrativas fantasiosas”, revelou o colunista Lauro Jardim, de O Globo.

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De acordo com o jornalista, a avaliação foi que o deputado Arthur Maia (União-BA), presidente do colegiado, equivocou-se ao não decretar voz de prisão ao ex-GSI após perceber as contradições dele durante o depoimento.

“Agora, governistas querem impedir que o espaço para depoimentos seja usado para construção de narrativas não são reais”, afirmou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das autoras do pedido de convocação de Braga Neto, destacou que o jornal Correio Braziliense publicou matéria dando conta de que o general “teria liderado reuniões em Brasília nas quais foram discutidas alternativas para reverter o resultado eleitoral, após a dupla ter sido derrotada nas urnas por Lula”.

“De acordo com a matéria, dentre as possibilidades sugeridas pelo general está ‘a aplicação do artigo 136 da Constituição Federal, que trata sobre o Estado de Defesa no país. De acordo com a CNN, as informações foram repassadas ao veículo de comunicação por interlocutores de Bolsonaro e o ex-ministro Anderson Torres”, disse Jandira ao justificar a convocação.

Na avaliação do líder do PT no Senado, Fabiano Contatato (ES), o depoimento de Braga Netto será essencial para esclarecer a dimensão do envolvimento da cúpula do governo Bolsonaro na tentativa de golpe antes e após o resultado das eleições do ano passado.

“O general é braço-direito do ex-presidente, tanto que foi candidato a vice-presidente em 2022, e sempre atuou ao lado de Bolsonaro, então vai ter a oportunidade de esclarecer pontos importantes da apuração da CPMI, caso não opte por ser omisso”, alertou o senador.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), afirmou que os elementos investigados, até o momento, pelo colegiado apontam para Braga Netto como um dos “arquitetos” da estratégia golpista do governo Bolsonaro que culminou nos ataques do dia 8 de janeiro.

“Todos os fatos que vieram a público até agora, apontam o general Braga Neto como um dos arquitetos das ações que culminaram com os ataques de 8 de janeiro. Assim, sua presença na CPMI será uma oportunidade para confrontarmos o seu envolvimento direto ou indireto nesses atos”, afirmou o senador Rogério Carvalho.

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