Algumas verdades sobre o “Império das mentiras”
Mais: PC do Canadá (ML) publica especial sobre homenagem a nazista / Líder do Syriza defende “copiar a fórmula dos Estados Unidos” / A “vingança” da Armênia contra Putin.
Publicado 04/10/2023 09:40 | Editado 04/10/2023 11:42
Entre os diversos fatores que sustentam o poder estadunidense no mundo, poder que embora em declínio relativo continua sendo hegemônico, está a formidável máquina de propaganda a serviço do império. Pois justamente os EUA, que inundam o planeta diariamente com todo tipo de mentiras e distorções, acusaram a República Popular da China, em extenso relatório, de investir “bilhões de dólares na disseminação de desinformação em todo o mundo”. A RPC, que no último dia 1º de outubro comemorou 74 anos de fundação, mas cuja civilização tem mais de 4 mil anos de história, respondeu, através do Ministério de Relações Exteriores, que “os Estados Unidos são um ‘império de mentiras’ do começo ao fim”. O MRE da China diz que o relatório em si já é uma peça de desinformação, recorda a “Operação Mockingbird”, desencadeada pela CIA na década de 1950 para financiar uma infinidade de jornalistas, jornais e revistas dentro e fora dos EUA e relembra que, no início deste século, “até um frasco de pó branco e um vídeo encenado são apresentados como ‘prova’ para desencadear guerras de agressão no Iraque e na Síria”. Esta última menção chinesa faz referência aos pretextos, depois desmascarados como inteiramente falsos, usados pelos EUA para atacar países soberanos como o Iraque (2003) e a Síria (2011). O comunicado da China termina dizendo que cada vez mais os povos do mundo têm despertado para o fato de os EUA utilizarem a máquina de propaganda para tentar perpetuar seu poder. De fato, com sua hegemonia ameaçada, a tendência é que o Tio Sam siga um dos mantras do mercado: “em tempos de crise, invista em comunicação”.
Algo de podre no “Império das mentiras”
E será preciso cada vez mais investimento para, em primeiro lugar, explicar para o público interno como o país mais rico do mundo tem um índice de expectativa de vida de 76,4 anos, o menor entre os “países ricos”. A informação foi publicada nesta terça-feira (03) no The Washigton Post, em um conjunto de matérias intitulado “Morrer cedo: a crise da esperança de vida na América”. Ressalte-se que a expectativa de vida nos EUA é menor do que em Cuba, que mesmo bloqueada de todas as formas pelo império, sustenta uma expectativa média de 78 anos. O jornal O Globo, reproduzindo, nesta segunda-feira (2) uma reportagem do El País, relatou uma “onda crescente de saques a lojas e supermercados” nos EUA que apenas em 2022 representou um prejuízo equivalente a R$ 564 bilhões. A reportagem revela que 28% dos grupos varejistas optaram por fechar as portas onde os saques são mais recorrentes, como a rede de supermercados Target, que anunciou o fechamento permanente de nove lojas devido ao aumento da violência e dos roubos. Até a data em que esta Súmula está sendo publicada, segundo o site de monitoramento Gun Violence Archive, ocorreram 531 tiroteios em massa nos EUA em 2023, média de 1,91 por dia. Quando fizemos esse mesmo levantamento em maio, a média era de 1,66. Dados de 2022 apontavam que os EUA concentram 73% dos tiroteios em massa em países desenvolvidos. Existe algo de podre no “Império das Mentiras”.
PC do Canadá (ML) publica especial sobre homenagem a nazista
O Partido Comunista do Canadá (Marxista-Leninista) fez um suplemento especial com diversas matérias abordando a vergonhosa homenagem que o parlamento canadense prestou a um veterano da SS hitlerista. O suplemento tem como título: “Parlamento canadense ovaciona veterano da Waffen-SS – Tentativas do Canadá de apresentar nazistas ucranianos como combatentes da liberdade”. Leia trechos da excelente nota introdutória: “No Canadá e no exterior, a verdade sobre o que aconteceu no passado durante e após a Segunda Guerra Mundial está bem documentada e conhecida. Apesar disso, as tentativas de cometer fraude histórica estão em alta, como a que busca apresentar um criminoso de guerra nazista ucraniano como um ‘veterano da Segunda Guerra Mundial que lutou pela independência ucraniana contra os russos… um herói ucraniano, um herói canadense, e agradecemos por todo o seu serviço’. Foi assim que o Presidente da Câmara dos Comuns se expressou ao pedir que a Câmara homenageasse um criminoso de guerra nazista ucraniano que recebeu refúgio no Canadá após a Segunda Guerra Mundial (…) São tentativas corriqueiras de reescrever a história, fazendo alegações de que nazistas e colaboradores nazistas eram combatentes da liberdade na época da Segunda Guerra Mundial, a fim de justificar o apoio aos mesmos elementos no presente, na guerra EUA/OTAN na Ucrânia (…) Para piorar a situação, o Presidente, que desde então renunciou, afirmou que ignorava quem era esse homem e, sem dúvida, ignora todos os outros como ele que são protegidos e colocados em posições de poder no Canadá. O desempenho desavergonhado do Primeiro-Ministro Justin Trudeau e da Líder do Partido Liberal, Karina Gould, que culparam o Presidente da Câmara e alegaram ignorância sobre o convite, apenas enfatiza que os canadenses não podem confiar nesta classe dominante”.
PC do Canadá (ML) publica especial sobre homenagem a nazista – II
Continuação da Nota Introdutória – “(…) Esses elementos pensam que agora podem lavar sua infâmia eliminando completamente o episódio dos registros da Câmara dos Comuns. O registro mostraria que todos os membros daquela sessão da Câmara dos Comuns que receberam Zelensky deram não uma, mas duas ovações de pé ao nazista. A fraude histórica é cometida quando o que aconteceu no passado é distorcido para justificar os crimes cometidos atualmente (…) O Presidente da Câmara, tendo sido deixado de lado por seus colegas no Parlamento, finalmente não teve escolha senão renunciar, mas o governo Trudeau como um todo deve ser responsabilizado, começando pelo Primeiro-Ministro, o Vice-Primeiro-Ministro e os Ministros das Relações Exteriores e da Defesa, bem como o Líder da Casa, todos os quais gritam o slogan dos nazistas ucranianos ‘Slava Ukraini’ sempre que têm a oportunidade (…) O roubo do tesouro do Estado canadense para financiar a guerra por procuração dos EUA/OTAN e o governo corrupto de Zelensky também não é uma questão de ignorância sobre quem são esses nazistas ucranianos e os crimes que cometeram contra judeus, o povo polonês, os soldados soviéticos e os comunistas (…) O Partido Comunista do Canadá (Marxista-Leninista) está publicando um Suplemento com artigos dos arquivos do Centro Hardial Bains e da imprensa do partido sobre as falsificações da história, tanto no passado quanto no presente, para que os jovens possam acertar as contas com as tentativas de cometer fraude histórica hoje. O objetivo é armar os jovens, bem como os trabalhadores amantes da paz e a sociedade como um todo”. O Suplemento pode ser lido (em inglês) clicando aqui e aos poucos iremos traduzindo os principais materiais.
Novo líder do Syriza defende “copiar a fórmula dos Estados Unidos”
Stefanos Kasselakis é o novo líder do partido grego Syriza-Aliança Progressista, eleito no último dia 24 de setembro. Em junho, Alexis Tsipras, que foi presidente do partido durante 15 anos, havia anunciado que deixaria o comando da legenda após o último fracasso eleitoral do Partido nas eleições de maio e junho. O novo presidente, Stefanos Kasselakis, de 35 anos, foi criado nos EUA desde os 14 anos tendo se formado na Universidade da Pensilvânia. É empresário e ex-executivo da Goldman Sachs. No próprio dia de sua eleição, quando derrotou uma das fundadoras no partido, declarou, segundo a revista portuguesa Sábado, “que se o partido quiser voltar ao poder deverá ‘simplesmente copiar a fórmula dos Estados Unidos, o mais rapidamente possível’. Para isso, propõe medidas que passam pelo alívio fiscal ‘drástico’, eliminar as regalias de banqueiros e políticos, a separação entre a Igreja e o Estado, a concessão de cidadania às crianças migrantes nascidas e criadas na Grécia e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo”. Ainda segundo a Sábado: “Stefanos Kasselakis não tinha qualquer ligação com o Syriza até ao início deste ano, quando regressou dos Estados Unidos e se estabeleceu em Atenas com o seu marido americano Tyler McBeth”.
A “vingança” da Armênia contra Putin
Como abordamos na última Súmula, o presidente armênio, Nikol Pashinyan, que chegou ao poder graças a uma “revolução colorida”, confiou nas promessas dos seus tutores dos EUA e da União Europeia, afastou-se da Rússia e sofreu uma derrota estratégica com a ocupação da região de Nagorno-Karabakh pelas tropas do Azerbaijão. Como “vingança”, nesta terça-feira o parlamento armênio aprovou, por 60 votos a favor e 22 contra (a oposição boicotou a votação) a adesão ao Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI), o mesmo que emitiu uma ordem de prisão contra o presidente Vladimir Putin. A justificava oficial foi “levar o Azerbaijão à justiça por crimes de guerra contra a humanidade cometidos contra a população armênia de Nagorno-Karabakh”. No entanto, o Azerbaijão não reconhece o TPI (assim, como os EUA, a China, a Rússia e a maioria dos países da ONU) e, portanto, não está sujeito a sua jurisdição. Na verdade, Pashinyan, que viu crescer a oposição interna devido à rendição de Nagorno-Karabakh, coloca a culpa na Federação Russa e a adesão ao TPI é uma manobra de retaliação contra Putin, que em tese seria preso se visitasse a vizinha Armênia. As consequências, no entanto, podem ser graves. A Rússia subsidia indiretamente a economia armênia, fornecendo recursos, incluindo gás, a preços preferenciais, além de ser um mercado fundamental para as exportações armênias. Em abril, por exemplo, a Rússia baniu o leite armênio o que causou grave crise entre os produtores. É certo que Yerevan (capital da Armênia) pode exigir que a Rússia desmantele uma importante base militar situada no país, o que significaria romper com os acordos de assistência militar mútua que existem entre as duas nações. Por outro lado, muitos armênios lembram que o Azerbaijão tem ambições territoriais que vão além de Nagorno-Karabakh. “Para onde irão os armênios quando o Azerbaijão começar a avançar para os territórios históricos da antiga Armênia, unindo-os com o chamado ‘Azerbaijão Ocidental’, para depois rumar até Yerevan?”, pergunta o jornal russo Pravda. Confiar nos EUA-União Europeia para se proteger desta eventualidade é imprudente, como mostra a triste história da “República de Artsakh”.
“Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!”.
Jorge Amado, sobre a necessidade de ser firme na luta contra o nazifascismo. “Nem a rosa, nem o cravo…”, Folha da Manhã, 1945.