EUA vetam resolução que previa ajuda humanitária para Gaza

Chancelaria americana rejeita “pausa humanitária” e acesso de ajuda ao território em Gaza por “desapontamento” com a não inclusão do direito de auto-defesa de Israel

Foto: ONU/Amanda Voisard

Os Estados Unidos vetaram, nesta quarta (18) a resolução brasileira sobre o conflito Israel e Palestina no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). No documento, o Itamaraty pedia que os envolvidos no conflito executassem uma pausa humanitária nas ações em Gaza.

O voto americano sepulta a proposta do Brasil já que os Estados Unidos possuem assento permanente no órgão, o que lhe dá o direito de veto.

Doze países votaram a favor do texto brasileiro: Brasil, China, França, Albânia, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes Unidos. Rússia e Reino Unido se abstiveram e apenas os EUA votaram contra.

O texto brasileiro estava organizado em 11 pontos. No documento, o Itamaraty rejeitava os ataques promovidos pelo Hamas, no dia 7 de outubro, exigia a imediata soltura dos reféns civis, e condenava “toda violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo”.

No preâmbulo, o texto expressa “profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e seus graves efeitos sobre a população civil, em grande parte composta por crianças”.

Em referência ao ultimato dado pelo governo de Benjamin Netanyahu no último final de semana, o documento “insta à imediata revogação da ordem para que civis e pessoal da ONU evacuem todas as áreas ao norte de Wadi Gaza e se realoquem no sul de Gaza”. Não há menção a um direito de defesa de Israel, como pedido por Tel Aviv.

O veto reforça o apoio americano ao estado de Israel e à narrativa sionista. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU justificou o voto devido ao fato de o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel, o que foi visto como “desapontador” pela chancelaria ianque.

A Rússia, outro membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, também teve uma resolução vetada, nesta segunda (16). Na ocasião, Estados Unidos e Reino Unido utilizaram do direito ao veto para rejeitar a proposta do Kremlin.

O texto russo contrariava a tese sionista israelense, defendida pela Casa Branca, ao propor um cessar-fogo imediato na região e a abertura de corredores humanitários. O texto também condenava todos os atos terroristas.

Com o veto à proposta russa, o Itamaraty buscou amenizar a própria resolução com o intuito de acenar para americanos e britânicos. O EUA já tinham apresentado resistência ao termo “cessar-fogo humanitário”, que constava no texto original do Itamaraty.

Na tentativa de aparar as arestas, a versão rejeitada propunha apenas o terma “pausa humanitária” e acesso de ajuda ao território de Gaza.

A votação da proposição elaborada pelo Brasil havia sido adiada duas vezes – a primeira por mudanças no texto e a segunda por conta do bombardeio a um hospital na Cidade de Gaza, que deixou quase 500 mortos.

Autor