20 caminhões é uma “gota no oceano de necessidade”, diz OMS

Comboio prestes a entrar em Gaza não é suficiente para cobrir as urgências humanitárias na Faixa de Gaza. Comunidade internacional soa o alerta para um genocídio em curso

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta quinta-feira (19), que a ajuda prestes a entrar em Gaza através dos portões de Rafah, no Egito, não é suficiente para suprir as emergências humanitárias.

Quase 150 caminhões com ajuda humanitária aguardam o sinal verde para entrar na área de conflito. As autoridades egípcias, no entanto, afirmaram que somente 20 deles serão autorizados a cruzar a fronteira.

A medida suscitou apelos de organizações internacionais e das Nações Unidas, que falam em uma demanda diária cinco vezes maior para atender às necessidades básicas dos cerca de 2,3 milhões de pessoas que vivem na região e que enfrentam um “certo total” desde 7 de outubro.

Egito e Israel alegam que a abertura de um corredor humanitário por Rafah poderia facilitar o transporte de armas e munições para o grupo terrorista palestino— que, acredita-se, é apoiado pelo Irã — e servir também como rota de fuga para seus combatentes.

Cairo ainda teme que a emergência humanitária em Gaza pressione um afluxo de grandes proporções de palestinos para o Sinai.

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a ajuda precisa chegar “todos os dias” e classificou o comboio inicial de 20 caminhões como “uma gota no oceano da necessidade”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, em visita a Rafah nesta sexta-feira (20) disse que os palestinos “precisam de alimentos, água, medicamentos e combustível agora”. “Precisamos disso em grande escala e precisamos que seja continuado”, disse o secretário-geral da ONU.

Riham Jafari, coordenador na agência humanitária ActionAid Palestina, afirmou que o número de mortos pode subir caso ajuda não entrar em Gaza. “Muitos dos feridos perderão a vida se combustível suficiente, suprimentos médicos e ajuda não forem entregues aos hospitais em Gaza”, disse.

“A ajuda insuficiente causará desastres de saúde e fome, uma vez que os pacientes com doenças crônicas, as mulheres grávidas e os seus bebês não poderão receber os cuidados médicos e a nutrição de que necessitam. Sabemos que os 20 camiões de ajuda atualmente prometidos simplesmente não são suficientes”, concluiu.

Por toda a extensão de Gaza, mísseis israelenses atingiram alvos civis, como hospitais, campos de refugiados, prédios residenciais, veículos de imprensa e universidades. Ao todo, os ataques israelenses mataram mais de 3.478 palestinos e deixaram mais de 12 mil feridos, segundo dados divulgados pelo ministério da Saúde local.

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