Rússia acusa EUA de usar guerras como “negócios” e ignorar democracia

Para o governo Putin, EUA usam a “retórica de lutar pela liberdade e a democracia” para enganar comunidade internacional e lucrar com guerras mundo afora

“Como diz o ditado, nada pessoal, apenas negócios.” Foi assim que Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russa, classificou nesta quinta-feira (19) o crescente interesse do governo Joe Biden em ampliar o apoiar militarmente Israel e Ucrânia. Segundo Biden, os Estados Unidos ampliarão o “investimento inteligente” em guerras para “render dividendos para a segurança norte-americana durante gerações”.

A Rússia, às voltas com o conflito na Ucrânia, não passou recibo. Por meio de Zakharova, o governo Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de usar a “a retórica de lutar pela liberdade e a democracia” para, na realidade, enganar a comunidade internacional e lucrar com guerras mundo afora.

“Antes, eles costumavam chamar isso de ‘luta pela liberdade e democracia’. Agora, parece que é apenas um cálculo. Mas sempre foi assim”, declarou a representante do Ministério das Relações Exteriores. “Só que o mundo é enganado, fiando-se em argumentos de valores que não existem para Washington.”

A expressão “nada pessoal, apenas negócios” é atribuída ao filósofo Oliver Wendell Holmes Jr., ex-juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos. A citação foi popularizada no filme O Poderoso Chefão. Na visão russa, Washington capitaliza as “guerras por procuração”, mas as expõe como “lutas por ideias”.

Zakharova acrescentou: “O autodesenvolvimento de uma pessoa morre com ela, assim como suas virtudes desaparecem da memória, mas os dividendos das ações que ela deixa para seus filhos vivem e preservam sua memória. Ao que parece, tudo morreu e desapareceu para aqueles que julgam dividendos baseados em derramamento de sangue”.

Para a Rússia, o discurso dos Estados Unidos é hipócrita porque o país investe em conflitos fora de seu território, sem “prejuízos humanitários” para o povo norte-americano. “As guerras têm sido tradicionalmente ‘investimentos inteligentes’ para os Estados Unidos, uma vez que não ocorreram em solo americano e eles não se importam com os custos suportados por outros”, concluiu Zakharova.

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