Desmatamento na Mata Atlântica cai 59% de janeiro a agosto

Área desmatada foi de 9.216 hectares contra 22.240 hectares no mesmo período do ano passado. Fragmentos do bioma no Cerrado e na Caatinga ainda registram alta

Foto: Divulgação

O desmatamento na Mata Atlântica caiu 59% de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. É o que mostra o novo boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, nesta quarta (29).

Em todo o território brasileiro, a área derrubada entre janeiro e agosto deste ano foi de 9.216 hectares. No mesmo período do ano passado foram 22.240 hectares.

Os dados consolidados do SAD Mata Atlântica são resultado de uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas.

Segundo a SOS Mata Atlântica, o levantamento reforça a tendência de redução significativa no desflorestamento do bioma já observada desde o início do ano. Boletim anterior, divulgado em julho, mostrou que a redução era de 42% até o mês de maio, quando a área desmatada estava em 7.088 hectares, ante 12.166 hectares registrados no mesmo período do ano anterior.

“Nos últimos anos do governo Bolsonaro, o desmatamento aumentou. Agora a gente tem uma reversão de tendência, porque o desmatamento no bioma estava em alta e agora, com esses dados parciais, está em baixa, com 59%. Há uma redução significativa, um número surpreendente, muito bom”, diz o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto.

Ele ressalta que estados que costumam ser líderes do desmatamento, como Paraná e Santa Catarina, tiveram queda expressiva, em torno de 60%. Elementos que ajudam a explicar os dados são o aumento da fiscalização e de embargos e o fato de produtores ficarem sem acesso a crédito por terem desmatado.

“Isso realmente é uma mudança resultado de um fortalecimento da política ambiental, da fiscalização, de acabar aquela expectativa de impunidade. A gente tinha praticamente um convite ao desmatamento no governo passado”, disse.

Se o desmatamento tem caído na Mata Atlântica, no entanto, no Cerrado e na Caatinga a situação é outra. Entre janeiro e maio de 2023, as derrubadas nesses dois biomas aumentaram em 13% (Cerrado) e 123% (Caatinga).

“A gente fica preocupado nessa região de transição da Mata Atlântica com o Cerrado e a Catinga. Ali a gente ainda tem um problema. A gente sabe que o desmatamento no Cerrado está em alta”, acrescenta Guedes Pinto.

É o quarto ano consecutivo de aumento da derrubada de vegetação nativa. Neste ano, o ritmo de destruição é menor do que na comparação com o governo anterior. Mesmo assim, O governo reconheceu que o Cerrado é o bioma mais ameaçado do país e que precisa de ações específicas de combate ao desmatamento.

Nesta terça, o Planalto divulgou as iniciativas para deter a destruição:

  • ter mais controle das autorizações de derrubada da vegetação nativa, concedidas por estados e municípios
  • aumentar a fiscalização sobre a legalidade do desmatamento
  • expandir as áreas de proteção
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