Chile rejeita nova Constituição em derrota da extrema-direita

56% dos eleitores disseram não ao segundo texto proposto, enquanto 44% aprovavam; Carta Magna imposta pela ditadura de Pinochet segue em vigor

Foto: Patrício Lopez

Os chilenos rejeitaram, neste domingo (17), a proposta “mais conservadora” de uma nova Constituição e frearam o avanço da extrema-direita do país. Com 100% das urnas apuradas, 55,76% rejeitaram o texto contra a aprovação de 44,24%.

Simbolicamente, o resultado também é uma vitória do presidente Gabriel Boric após o revés no primeiro pebliscito em setembro de 2022.

Boric foi eleito em 2021 após pressionar seu antecessor de direita, Sebastián Piñera, a dar início ao processo constitucional que enterraria a Carta Magna liberal herdada do regime do ditador Augusto Pinochet, escrita em 1980 e abrandada nos anos 2000.

O comparecimento foi de 84,07% das pessoas aptas a aprovar ou rejeitar o texto, ligeiramente abaixo dos 85,86% do primeiro plebiscito em setembro de 2022, de 85,86%. Sendo obrigatória no país, a votação começou às 8h e terminou às 18h, pelo horário local, dando sequência à contagem de votos.

A reprovação do primeiro texto aconteceu em 4 setembro de 2022, quando as urnas indicaram 62% dos votos válidos para o “rechazo” e 38% para o “apruebo‘.

O segundo projeto de nova Constituição a ser apresentado em dois anos, foi elaborado por um Conselho Constitucional dominado pela oposição ao governo de Boric. Dos 50 assentos no órgão, trinta e três ficaram — após eleições realizadas em maio passado —nas mãos de representantes de partidos de direita, incluindo 22 do Partido Republicano, do ultraconservador e ex-candidato presidencial José Antonio Kast.

Boric discursou que “o processo constitucional está encerrado” e que agora “as urgências são outras”.

“O fim do processo deve gerar um clima para um melhor entendimento”, disse ele, admitindo que a proposta de reforma constituinte acabou gerando frustração e desinteresse em boa parte da população. “Nem celebração, nem arrogância. Bola no chão, humildade e trabalho. Muito trabalho”, afirmou.

O presidente do Chile afirmou que seu governo não irá promover uma nova constituinte.

“Durante este mandato, encerra-se o processo constitucional. Nosso país continuará com a Constituição vigente, porque, após duas propostas constitucionais, nenhuma delas conseguiu representar nem unir o Chile em sua bela diversidade”, declarou o presidente.

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