Marca chinesa ironizada por Elon Musk está prestes a superar Tesla

Vendas da empresa asiática chegaram a 3,2 milhões de unidades em 2023, sendo 1,6 milhão com bateria e 1,4 milhão de híbridos

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Apesar do descrédito de Elon Musk, há 13 anos, a BYD está muito perto de se tornar a maior montadora de carros elétricos do mundo. A montadora chinesa vendeu 3,2 milhões de carros elétricos em 2023, superando a Tesla, de Musk, que entregou 1,8 milhão de carros ano passado.

O feito ocorre 13 anos após o líder da Tesla, Elon Musk, rir da possibilidade de ser superado pela BYD em uma entrevista.

“Não acho que eles tenham um bom produto. Não é atraente, a tecnologia não é muito forte e a BYD tem muitos problemas na China, então seu foco tem que ser a certeza de que não morrerão na China”, disse Musk.

No último trimestre do ano passado, pela primeira vez a montadora superou as vendas da Tesla em carros apenas com bateria, ou seja, aqueles movidos apenas com energia elétrica. Foram 526 mil carros vendidos pela BYD contra 484.000 da Tesla.

Os números de vendas da BYD no ano de 2023 incluem 1,6 milhão de carros somente com bateria e 1,4 milhão híbridos – aqueles movidos por eletricidade e combustão –, o que significa que a Tesla, por ora, segue líder na produção de carros elétricos somente com bateria.

A primeira posição em vendas da BYD se deve a vendas de carros mais acessíveis. Seus veículos são vendidos, em média, por menos de US$ 30 mil a unidade, enquanto os da Tesla custam acima de US$ 40 mil, mesmo depois de cortes de preços praticados em 2023.

A rápida evolução dos veículos elétricos na China é fruto do forte apoio governamental à indústria.

Pequim estabeleceu uma meta de que pelo menos 20% dos carros novos vendidos anualmente até 2025 sejam veículos de energia renovável (NEV), que incluem BEV, híbridos plug-in e veículos com células de combustível de hidrogênio. Até 2035, diz o governo, os NEVs devem se tornar a “corrente principal” das vendas de carros novos.

A primeira meta foi alcançada em 2022, cerca de três anos antes. A segunda também poderá ser alcançada antes do esperado. Enquanto isso, a BYD também deve se firmar na lista das dez montadoras que mais vendem carros mundialmente.

Em 2023, estima-se que a marca chinesa terá produzido cerca de 3,13 milhões de veículos, à frente do Grupo Suzuki, com uma expectativa de 3,01 milhões. Ela se posiciona logo atrás de Ford (3,95 milhões), Honda (3,97 milhões), GM (4,87 milhões), Renault-Nissan-Mitsubishi (6,28 milhões), Stellantis (6,4 milhões), Grupo Hyundai (6,89 milhões), Volkswagen (8,8 milhões) e Toyota (10,65 milhões).

Embora o setor automobilístico seja dominado pelos países detentores das principais fabricantes, como Alemanha, Estados Unidos e Japão, no caso dos veículos elétricos, a China exerce papel relevante para o desenvolvimento do segmento.

A corrida por novas tecnologias que habilitem o carro elétrico como principal modal do veículo de passageiros é um dos principais objetivos do governo chinês, liderado pelo presidente Xi Jinping.

Antes disso, no entanto, para alcançar o patamar atual de desenvolvimento tecnológico, o gigante asiático precisou amarrar suas condições para o crescimento econômico à dependência do petróleo. Desde a ascensão, a China foi responsável por quase 50% do aumento do consumo mundial de petróleo durante as últimas duas décadas.

Nesse sentido, ao optar por promover a transição energética, escanteando os carros movidos a combustão, o governo chinês pode provocar implicações nos mercados mundiais de petróleo.

Além disso, o tamanho do mercado de carros elétricos pode beneficiar a tendência mundial de eletrificação do transporte, o que oferece um terreno fértil para testes de novas tecnologias e reduz o custo das baterias (o componente de custo crítico para a transição de veículos movidos a combustão para elétricos).

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