Com Milei no poder, Argentina registra pior inflação mensal desde 1991

Novo governo de extrema-direita fecha primeiro mês com inflação de 29%, muito acima dos 12,81% de novembro. Desregulação da economia é o principal motivo.

O presidente argentino, Javier Milei | Foto: Luis Robayo

A inflação subiu 29% em dezembro, na Argentina, na maior alta mensal desde 1991. O aumento nos preços no primeiro mês da Presidência do líder da extrema-direita do país, Javier Milei, é maior que o dobro da inflação registrada nos últimos quatro meses da gestão do ex-presidente Alberto Fernández, quando o índice superou a marca de 10% ao mês.

Em agosto, a inflação mensal saltou de 6,34% para 12,44% em meio a corrida eleitoral que marcou a vitória do neoliberalismo argentino, apoiado por figuras como o ex-presidente Maurício Macri e sua candidata à presidência, Patricia Bullrich, que hoje comanda o ministério da Segurança.

Em setembro, outubro e novembro a inflação seguiu alta e registrou 12,75%, 8,3% e 12,81%, respectivamente. Mas nada comparado aos 29% registrados pela equipe ultraliberal de Milei.

Desde que assumiu o Executivo argentino, o anarcocapitalista vem desregulando a economia com a intenção de liberar os preços da economia. Em dezembro, o novo governo publicou o Decreto de Necessidade de Urgência (DNU) que modifica ou revoga mais de 350 normas.

Ainda naquele mês, Milei apresentou ao Congresso Nacional a “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”. O megaprojeto, que propõe a declaração de emergência pública em diversas áreas até 2025, tem gerado intenso debate devido ao seu forte viés privatizante, autoritário e desregulamentador.

Ao desregulamentar a economia, Milei promove uma flexibilização de regras que concede mais liberdade para a atuação do setor privado. Exemplo disso é o reajuste, desta segunda (1), de 45% na tarifa de ônibus da região metropolitana de Buenos Aires.

A ideia é de que os controles públicos sobre a economia devem ser menos rígidos, mesmo em um sociedade que a inflação anual passou dos 200% e a taxa de pobreza alcançou 40% da população do país.

Essa noção faz parte do neoliberalismo, corrente que defende menor intervenção do Estado sobre a atividade econômica.

“O objetivo é iniciar o caminho de reconstrução do país, devolver a liberdade e autonomia aos indivíduos e começar a desmontar a enorme quantidade de regulações que têm impedido e prejudicado o crescimento econômico em nosso país”, disse Milei, em pronunciamento.

Só em 2023, o preço dos alimentos e bebidas na Argentina subiu 258%. Sem a proteção do estado e com a suspensão dos congelamentos de preço, especialistas alertam para o risco de insegurança alimentar generalizada.

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