Ataque ao Capitólio: 3 anos depois, divisões persistem e Trump desafia acusações

Enquanto Suprema Corte avalia elegibilidade de Trump, ex-presidente mantém retórica incendiária sobre o 6 de janeiro de 2021; investigação criminal continua

Invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021 | Foto: Getty Images North America

O mundo assistiu horrorizado as cenas do dia 6 de janeiro de 2021, quando manifestantes pró-Trump, em um ato sem precedentes, destruíram a área de proteção e saquearam o Capitólio dos Estados Unidos em um esforço único para impedir a certificação da eleição de Joe Biden.

Três anos depois, mesmo após extensa investigação, centenas de acusações, depoimentos de testemunhas oculares, e milhares de horas de filmagens, o campo político ainda diverge sobre o que aconteceu naquele dia.

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A investigação criminal, considerada a maior da história do Departamento de Justiça dos EUA, ainda está em andamento. Até dezembro, cerca de 1.240 pessoas haviam sido presas em conexão com o ataque, com acusações que variam de invasão a conspiração sediciosa, resultando em aproximadamente 170 condenações em julgamento, enquanto apenas duas absolvições foram registradas. Cerca de 710 pessoas se declararam culpadas, incluindo cerca de 210 por crimes graves, e mais de 720 receberam sentenças até o momento, algumas ultrapassando 20 anos de encarceramento.

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Além disso, mais de 350 casos permanecem pendentes, indicando que as prisões feitas até então podem ser apenas metade das acusações previstas e um desenrolar prolongado do processo judicial.

Discurso incendiário: Trump persiste na alegação de fraude

Por outro lado, a influência política do ataque se intensifica à medida que as eleições de 2024 se aproximam. A Suprema Corte dos EUA planeja avaliar se Donald Trump pode concorrer novamente à presidência, baseando-se na 14ª Emenda da Constituição, que veta indivíduos “envolvidos em insurreição ou rebelião” de ocupar cargos federais. Os advogados de Trump argumentam que essa proibição não se aplica ao ex-presidente.

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As divergências sobre o ataque persistem nas narrativas políticas, evidenciando a profunda divisão partidária. Trump, mantendo uma postura desafiadora, continua alegando fraude nas eleições de 2020, uma narrativa que inicialmente incitou o ataque, e classifica as acusações criminais contra sua pessoa como “caça às bruxas”.  

Em suas redes sociais e discursos, ele minimiza a gravidade do motim, retratando os apoiadores condenados como “prisioneiros políticos” e prometendo perdão a muitos se voltar à Casa Branca. Trump também define os manifestantes como “patriotas” e “pessoas pacíficas” e chegou a descrever o dia 6 de janeiro como um “belo dia” em entrevista à CNN em maio.

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Enquanto isso, Joe Biden e a parte oposta do espectro político destacam o evento como uma afronta à democracia. O país permanece polarizado, e a maneira como os líderes se referem ao 6 de janeiro reflete as linhas divisórias profundas que se solidificaram desde então. O discurso de Trump, que continua a criar um vínculo emocional com seus apoiadores, amplia a tensão, prometendo uma batalha política intensa nas eleições de 2024.

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com informações de agências

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