São Paulo: Boulos se fortalece com apoio de PDT e Marta

Pré-candidato a prefeito exaltou a construção de “uma frente democrática para mudar São Paulo” e reverter “o abandono em que a cidade está hoje”

A pré-campanha de Guilherme Boulos (PSOL-SP) à Prefeitura de São Paulo recebeu duas importantes adesões nesta terça-feira (9). Pela manhã, o PDT anunciou, durante ato na sede de seu diretório municipal, o apoio a Boulos nas eleições 2024. Agora, a pré-candidatura já reúne seis partidos – PT, PCdoB, PV e Rede, além dos próprios PSOL e PDT.

Já à tarde, a ex-prefeita Marta Suplicy comunicou sua saída da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) – da qual era secretária de Relações Internacionais – e confirmou seu retorno ao PT. Ela deve compor a chapa com Boulos e concorrer à vice-prefeita na eleição municipal.

As duas conquistas são repletas de simbolismo. Até novembro passado, o PDT tentava convencer o apresentador José Luiz Datena a permanecer no partido e se candidatar à sucessão de Ricardo Nunes. Datena, porém, migrou para o PSB, que lançará a deputada federal Tábata Amaral na corrida à prefeitura.

Os pedetistas passaram, então, a costurar com naturalidade a parceria com Boulos, num projeto que conta com o apoio aberto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PDT). Na semana passada, o presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi – que também é ministro da Previdência Social no governo Lula –, confirmou o apoio à pré-candidato do PSOL. “Boulos representa o avanço necessário para que São Paulo retome o protagonismo com grande investimento social”, declarou Lupi.

Nesta terça, o líder do PDT foi a São Paulo e participou do ato pró-Boulos. Ao lembrar a liderança do pré-candidato nas pesquisas, Lupi afirmou que o objetivo da coligação tem de ser a vitória em um turno só. “Ele está construindo o ambiente para isso – ele construiu esse preparo com sua luta, sua história de vida. Nossa contribuição é colocar toda a militância do PDT na rua para consagrar a vitória de Boulos no primeiro turno”, disse Lupi. De acordo com ele, entre dirigentes e lideranças do PDT em São Paulo, “é unânime o desejo de se apoiar o Boulos”.

O deputado do PSOL agradeceu aos pedetistas pela confiança e exaltou a construção de “uma frente democrática para mudar São Paulo” e reverter “o abandono em que a cidade está hoje”, sob o governo de Ricardo Nunes. “As eleições deste ano também serão um momento de reafirmar a vitória democrática que tivemos em 2022 (com a vitória de Lula à Presidência da República). E o que nós estamos vendo em São Paulo é que o campo bolsonarista tomou e adotou o atual prefeito como seu representante”, afirmou Boulos, numa referência ao provável apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à reeleição do atual prefeito. “Está se criando uma chapa ‘BolsoNunes’ na cidade de São Paulo.”

Já a ida de Marta para a “frente democrática” foi selada após uma reunião entre ela e Lula, na segunda-feira (8). O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) participou da conversa e disse, no dia, que o PT havia feito o convite para a ex-prefeita regressar à legenda e ser vice de Boulos. “O caminho está posto”, resumiu o parlamentar à imprensa.

Na terça, Marta se reuniu com Ricardo Nunes e pediu demissão. Segundo seus aliados, ela estava especialmente incomodada com a crescente aproximação entre o prefeito e Bolsonaro. Marta foi filiada por 33 anos ao PT, partido pelo qual se elegeu deputada federal, prefeita de São Paulo e senadora, além de ter sido ministra da Cultura. 

Mais do que enfraquecer a tentativa de Nunes de buscar a reeleição, a tacada de Marta fortalece a pré-campanha de Boulos, bem como a chegada do PDT. Deputado federal mais votado no estado de São Paulo em 2022, o psolista e líder do MTST tenta ampliar sua chapa com foco nos partidos que integram a base de apoio a Lula. Os dois anúncios desta terça frustram, de resto, a pré-candidatura de Tábata, que, nas últimas semanas, fez acenos tanto a Marta quanto ao PDT (seu antigo partido).

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