Estados Unidos bombardeiam alvos no Iêmen em nova expansão do conflito

Grupo rebelde pró-palestina, os houthis vem desde novembro realizando ataques a embarcações no Mar Vermelho em retaliação ao massacre israelense a Faixa de Gaza

Jato da Força Aérea britânica decola para ataque a locais ligados a rebeldes houthis no Iêmen na madrugada do dia 12 de janeiro (horário local) - Ministério da Defesa do Reino Unido - Foto: Reprodução

Os Estados Unidos e cinco de seus aliados bombardearam, nesta quinta (11), mais de 20 alvos no Iêmen controlados pelo grupo rebelde houthis. O ataque aos houthis aumentaram o receio da comunidade internacional de que uma guerra de maior proporção se expanda no Oriente Médio.

Os EUA justificaram a operação aérea e marítima como uma resposta aos ataques dos rebeldes houthis a navios comerciais ligados a Israel, no Mar Vermelho.

Reino Unido, Austrália, Bahrein, Canada e Países Baixos apoiaram a operação como parte de um “esforço internacional” para restaurar o livre fluxo de comércio numa rota importante entre a Europa e a Ásia, que representa cerca de 15% do tráfego marítimo mundial.

Desde novembro, os rebeldes realizam ataques contra navios que passam pelo Mar Vermelho em protesto ao massacre que Israel impõe a Faixa de Gaza e outros lugares da Palestina ocupada.

“É uma clara mensagem que os Estados Unidos e seus parceiros não vão tolerar ataques ao nosso pessoal ou permitir que atores hostis ponham em perigo a liberdade de navegação numa das rotas comerciais mais críticas do mundo”, disse a Casa Branca, em comunicado oficial.

De acordo com oficiais norte-americanos, a operação tinha como alvos instalações de defesa aérea e radares costeiros, bem como locais de armazenamento e lançamento de drones e mísseis. Até o momento, se fala em alvos atingidos na capital do país, Saná, e nas províncias de Sadá, Hodeida, Taiz e Dhamar.

O Irã condenou os ataques conduzidos pelos americanos e classificou os bombardeios como violação da soberania do país.

“Consideramos que é uma clara violação da soberania e integridade territorial do Iêmen, e uma violação das leis, regulamentos e direitos internacionais”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani,

Os houthis prometem continuar os ataques até que Israel interrompa o conflito em Gaza e alertaram que atacariam navios de guerra dos EUA se o próprio grupo de milícia fosse alvo.

As ações militares dos rebeldes em solidariedade a Gaza forçaram grandes transportadoras e outras multinacionais a redirecionarem suas rotas marítimas, evitando o Mar Vermelho e adotando uma rota através do Cabo da Boa Esperança, na África.

O movimento houthi, que controle grande parte do Iêmen depois de quase uma década de guerra contra a aliança Saudita, apoiada pelos EUA e o Ocidente, é um forte aliado do Hamas na guerra contra Israel.

O grupo palestino classificou o bombardeio como “bárbaro” e disse que os EUA e o Reino Unido serão responsáveis ​​pelo impacto na segurança da região. O porta-voz dos rebeldes, Yahya Saree, disse que 73 bombardeios atingiram cinco regiões do Iêmen controladas pelos houthis.

“Estes ataques causaram a morte de cinco mártires e feriram outros seis membros de nossas forças armadas”, afirmou o porta-voz.

“O inimigo americano e britânico tem total responsabilidade pela sua agressão criminosa contra o nosso povo iemenita, e não ficarão sem resposta ou impunes”, disse Saree.

Hussein al-Ezzi, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, reconheceu “um ataque agressivo e massivo por parte de navios, submarinos e aviões de guerra americanos e britânicos”. “A América e a Grã-Bretanha terão, sem dúvida, de se preparar para pagar um preço elevado e suportar todas as terríveis consequências desta agressão flagrante”, escreveu al-Ezzi online.

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