PF investiga se Abin espionou Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Maia

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e deputado federal, é principal alvo de operação que investiga uso do aparelho estatal para espionar autoridades

Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado

Agentes da Polícia Federal envolvidos na operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta (25), apuram se o software FirstMile da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi usado para monitorar e investigar ilegalmente governadores e até integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).

O principal alvo dos mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes é o o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). ex-chefe da Abin no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Segundo a jornalista Daniela Lima, da Globo News, a Abin teria investido no monitoramento ilegal dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e do ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação de Lula, entre outros.

Para as investigações da PF, havia tentativa de relacionar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes a uma facção criminosa com o intuito de difundir notícias falsas. No caso de Camilo Santana, policiais flagraram integrantes da Abin operando drones que sobrevoavam a residência oficial do atual ministro em Fortaleza.

A operação desta quinta é um desdobramento da operação “Primeira Milha”, iniciada em outubro de 2023 para investigar o suposto uso criminoso da ferramenta “FirstMile”.

A ferramenta pertence a empresa israelense Cognyte (ex-Verint). O software é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.

Para encontrar o alvo, basta digitar o número do seu contato telefônico no programa e acompanhar em um mapa a última posição.

A suspeita é que houve uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.

Ramagem é alvos de buscas em seu gabinete, na Câmara dos Deputados, e no apartamento funcional hoje ocupado por ele. O parlamentar de extrema-direita é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.

O bolsonarista esteve à frente do Abin entre julho de 2019 e abril de 2022. No período, dois servidores teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem e foram presos em outubro de 2023.

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