Chile dá início a velório de Sebastián Piñera em cerimônia de três dias

Ex-presidente foi a única vítima no acidente com helicóptero no lago Ranco, na região de Los Ríos. Cerimônia marca o primeiro dia de luto nacional anunciando por Gabriel Boric

Foto: Reprodução

O Chile se despede, nesta quarta (7), do ex-presidente Sebatián Piñera, morto aos 74 anos, após sofrer um acidente de helicóptero no lago Ranco, na região de Los Ríos. O governo do presidente Gabriel Boric prepara um funeral de Estado que se prolongará por três dias.

Diversos líderes mundiais, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lamentaram a sua morte. Boric decretou luto oficial de três dias no país.

Piñera pilotava, nesta terça (6), um helicóptero modelo Robinson R66 Turbine, com capacidade para quatro tripulantes, quando a aeronave perdeu altitude e caiu no lago Ranco.

O ex-presidente será velado nas dependências do antigo Congresso de Santiago, onde, em um primeiro momento, familiares e amigos farão uma cerimônia privativa.

Posteriormente, o local abre suas portas para receber quem quisesse homenagear o ex-presidente. O velório vai até quinta-feira (8). Na sexta-feira (9), haverá uma missa na Catedral Metropolitana, e o corpo será sepultado no cemitério Parque del Recuerdo.

O ex-presidente retornava de um almoço na casa do empresário e amigo José Vox, acompanhado de sua irmã Magdalena Piñera e outros dois conhecidos, os irmão Ignacio Guerrero e Bautista Guerrero.

Ao jornal El Mundo, a irmã afirmou que Piñera orientou os passageiros a saltarem da aeronave enquanto ele tentava controlá-la. O Robinson R66 Turbine caiu a 400 metros da casa de Cox após perder altitude.

Peritos responsáveis pela autopsia do corpo do ex-presidente chileno afirmaram à rádio Biobío que Piñera faleceu por asfixia por submersão. O corpo foi resgatado a 28 metros de profundidade e a 300 metros das margens do lago Ranco.

O presidente Gabriel Boric orientou o ministro das Relações Exteriores do Chile, o chanceler Alberto Van Klaveren, a organizar as honras de Estado para Piñera.

Boric fez um pronunciamento transmitido nas redes sociais em que prestou condolências aos familiares de Piñera e aos integrantes de seus governos. Também anunciou três dias de luto oficial no país, “para honrar a memória de quem foi eleito presidente do Chile em duas oportunidades”.  

“O presidente Piñera contribuiu, a partir da sua visão, para construir grandes acordos pelo bem da pátria. Foi um democrata desde a primeira hora e buscou genuinamente o que ele acreditava que seria o melhor para o país”, afirmou.

Líderes políticos brasileiros e de outros países da América Latina se manifestaram sobre a morte de Sebastián Piñera. Em publicação nas redes sociais, o presidente Lula (PT) se disse ‘surpreso e triste’.

“Convivemos, trabalhamos pelo fortalecimento da relação dos nossos países e sempre tivemos um bom diálogo, quando ambos éramos presidentes, e também quando não éramos. Muito triste seu falecimento de forma tão abrupta. Meus sentimentos aos seus familiares e amigos de Piñera por esta perda”, escreveu Lula.

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, também registrou suas condolências nas redes sociais.”Lamento profundamente a morte do ex-presidente do Chile, Sebastián Piñera. Envio minhas condolências à sua família, amigos e ao povo chileno neste momento de dor”, publicou Peña

Piñera foi presidente por dois mandatos e chegou a ser denunciado em Haia

Piñera ocupou o Palácio La Moneda por dois mandatos, de 2010 a 2014 e de 2018 a 2022. Ele era presidente durante o chamado “estallido social” em 2019, que gerou uma onda de protestos contra a Constituição do ditador Augusto Pinochet e que desembocou em um novo processo constituinte.

Seu mandato ficou marcado pela forte repressão que o Estado infringiu aos manifestantes. Durante o estalido social, foram cerca de trinta mortos e milhares de feridos. De acordo com a Anistia Internacional, ele foi responsável pelo governo que mais violou direitos humanos no Chile desde a ditadura de Pinochet (1973-1990).

Em 2021, o ex-presidente chegou a ser denunciado no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. O pedido foi encaminhado pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, pela Comissão de Direitos Humanos do Chile (CHDH), pela Associação Americana de Juristas (AAJ) e pelo Centro di Ricerca ed Elaborazione per la Democrazia (CRED).

Piñera foi militante do Partido Democrata Crsitão (DC) e, antes de se eleger presidente, havia sido embaixador do Chile na Bélgica e na Organização das Nações Unidas (ONU) durante o governo de Eduardo Frei Montalva. Ele também foi senador do Chile de 1990 a 1998. Era formado em Engenharia Comercial pela Pontifícia Universidade Católica de Chile e fez pós-graduação de Economia em Harvard. Em 1973, casou-se com Cecilia Morel Montes e teve quatro filhos: Magdalena, Cecilia, Juan Sebastián e Cristóbal.

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