Operação contra Bolsonaro gera impacto nas eleições municipais de 2024

PF acredita que PL integrava um dos núcleos da organização criminosa que tentou executar um golpe de Estado. Presidente do partido foi preso

Foto: Divulgação/ Prefeitura de São Paulo

O operação Hora da Verdade, deflagrada nesta quinta (8) pela Polícia Federal (PF), tem potencial para chacoalhar as eleições municipais marcadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para fim deste ano.

Em São Paulo, o candidato a reeleição e representante da extrema-direita, Ricardo Nunes (MDB), esperava a definição de um candidato a vice-prefeito vindo do PL (Partido Liberal), cujo presidente, Waldemar da Costa Neto, foi preso em meio as diligências desta quinta por porte ilegal de arma e uma pepita de ouro.

A operação investiga uma organização criminosa, liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que procurava desestabilizar o país politicamente e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Nunes vem buscando o apoio de Bolsonaro para sua candidatura desde o fim de 2022, em uma estratégia de unir partidos de centro, direita e extrema-direita contra a campanha do deputado federal Guilherme Boulos (Psol), que tem apoio de Lula e da Federação Brasil da Esperança.

Valdemar, que já declarou apoio ao prefeito, era o principal articulador dessa aliança.

Questionado pela imprensa durante a inauguração de uma UBS na zona leste, na manhã desta quinta, Nunes, que já disse considerar Bolsonaro um democrata, afirmou que não tinha o que comentar e que estava “cuidando da cidade”.

“Hoje é dia de Prefeitura Presente aqui no Itaim Paulista. Eu estou desde cedo aqui e vou ficar até a noite, não consegui nem ver meu WhatsApp. Então eu não tenho, assim, algum comentário para fazer de algo que eu não tenho um profundo conhecimento”, disse Nunes.

“Enfim, não tenho como comentar porque estou aqui trabalhando, cuidando da cidade”, emendou.

A resposta dissimulada dá o tom do impacto da operação na imagem nacional do bolsonarismo diante dos escândalos revelados pela PF. Os investigadores acreditam que o PL era peça fundamental em um dos seis núcleos do grupo que agia para tentar executar o golpe de Estado. Para a PF, o partido chefiado por Waldemar integrava o núcleo da “desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.

Para os agentes, a sigla que acolheu a extrema-direita bolsonarista foi usada para financiar narrativas de apoio aos ataques às urnas.

Em dezembro de 2022, o PL apresentou uma auditoria infundada com a realidade na qual o partido questionava o funcionamento de urnas anteriores a 2020. O partido convocou uma entrevista coletiva para divulgar o resultado da auditoria.

Em junho de 2023, Waldemar, ao lado do presidente de honra do PL, Jair Bolsonaro, foi à uma entrevista coletiva projetar a conquista de 1.500 prefeituras nas eleições deste ano.

PF encontra pepita de ouro e arma ilegal com Waldemar

O presidente do Partido Liberal, o ex-deputado federal Waldemar da Costa Neto, foi preso em flagrante, nesta quinta (8), em meio as diligências da Polícia Federal no bojo da operação Tempus Veritatis. Waldemar foi preso por posse ilegal de arma de fogo e suspeita de usurpação de bem mineral da União.

Além da arma sem registro legal, os agentes encontraram uma pepita de ouro oriunda de garimpo, segundo os policiais federais.

A pedra de ouro apreendida tem por volta de 39 gramas. Logo depois de ser recolhido, o material foi encaminhado para análise da perícia. Na cotação atual do ouro, a pepita vale em torno de R$ 12 mil.

Valdemar Costa Neto é sócio de um garimpeiro, Francisco Jonivaldo Mota Campos, coordenador do movimento “Garimpo É Legal” no estado do Amazonas. Segundo o site De Olho nos Ruralistas, Jonivaldo é filiado ao Partido Liberal desde 2007.

Segundo a defesa do presidente do PL, a arma encontrada pelos agentes da PF é de um parente e foi esquecida há anos no apartamento de Waldemar.

Os defensores também alegam que a arma é registrada e tem o uso permitido. A defesa não divulgou quem seria o “parente próximo” que seria o dono da arma, porém, segundo interlocutores do político, ele alegou à PF que a arma era do filho dele.

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