Brasil alerta para “graves consequências” de ataques de Israel em Rafah

Itamaraty salienta que incursões resultarão em novas vítimas civis e deslocamento de milhares de palestinos e defende fim das hostilidades e solução de dois estados

Destruição de Gaza por Israel. Foto: reprodução/Al Jazeera

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota nesta terça-feira (13) na qual alerta para as graves consequências de nova operação militar terrestre em Gaza, na região de Rafah, no Sul, na fronteira com o Egito, anunciada há poucos dias por Israel. O Itamaraty chama atenção para as mortes de civis e o deslocamento forçado da população palestina que tal ação pode provocar e volta a defender o fim do conflito. 

“Tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito”, diz o comunicado. 

O Itamaraty ressalta, ainda, que “o início dos deslocamentos forçados, primeiramente do Norte para o Sul de Gaza, a partir de 8 de outubro, é elemento indissociável da dramática crise humanitária vivida há quatro meses pela população de Gaza, e mereceu a condenação do Brasil e de boa parte dos países, à luz do direito internacional e do direito internacional humanitário”. 

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Segundo o MRE, a estimativa é de que 80% dos habitantes de Gaza tenham sido obrigados a deixar suas casas, a maioria na direção de Rafah, indicada inicialmente como área segura pelas autoridades israelenses.

Por fim, a nota ressalta que “governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza”. 

Além disso, reafirma o compromisso “com uma solução de dois Estados, com um Estado da Palestina viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como sua capital”. 

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A operação em Rafah foi anunciada na sexta-feira (9) pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A ONU também se posicionou contra a medida, medrando do alto custo de vida e humanitário que os ataques teriam — a região abriga cerca de 2,3 milhões de pessoas da Faixa de Gaza. Na segunda-feira (12), o Hamas condenou o “massacre” de Israel contra civis na região. 

Os ataques de Israel no território palestino é um dos assuntos que constam na pauta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou nesta quarta-feira (14) ao Egito. A viagem — primeira internacional de Lula neste ano — foi um convite do presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi.