Milei conquista superavit à base de inflação e pobreza recordes

Cortes orçamentários para programas sociais, aposentadorias e pensões, funcionalismo público e universidades foram as principais medidas da coalização de extrema-direita

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Em meio ao crescimento recorde da pobreza e da inflação, o governo ultraliberal do presidente argentino Javier Milei (La Libertad Avanza) comemora, desde a última sexta (16), o anúncio do primeiro superávit primário da economia dos últimos 12 anos, resultado do plano motosserra do líder da extrema-direita.

O mês de janeiro terminou com um balanço positivo para as finanças do setor público com um superávit de cerca de US$589 milhões de dólares (R$ 2,93 bilhões), produto do corte nos orçamentos, por exemplo, dos programas sociais (-59,6%), aposentadorias e pensões (-32,5%), funcionalismo público (-18%) e universidades (-16,5%).

O governo argentino emitiu um comunicado no sábado (17) em que afirmou que é a primeira vez desde agosto de 2012 que o país “gasta menos do que arrecada”. A cifra também contempla o pagamento de juros da dívida pública.

No entanto, como consequência direta do plano motosserra do anarcocapitalista, somado a liberalização da economia, que desmonta o Estado e fortalece o mercado, a inflação na Argentina fechou o primeiro mês de 2024 em 20,6%, se mantendo próxima do recorde histórico de fevereiro de 1991 (27%).

A taxa atingiu 254,2% de variação no acumulado dos últimos 12 meses, uma das mais altas do mundo. Os setores com maiores aumentos em janeiro foram bens e serviços, com aumento de 44,4%, transporte (26,3%), comunicação (25,1%) e alimentos e bebidas não alcoólicas (20,4%), de acordo com o órgão oficial de estatísticas Indec.

Com a perda do poder de compra, o governo de extrema-direita observa o crescimento vertiginoso da pobreza, que aumentou quase 8% no período de um mês no país.

De acordo com um estudo publicado pelo Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA), em dezembro de 2023, a pobreza na argentina alcançava 49,5% da população. Em janeiro, após a liberalização dos preços, o índice atingiu 57,4%, cerca de 27 milhões de pessoas.

Só no primeiro mês de 2024, a miséria teria atingido15% da população segundo o Observatório da Dívida Social.

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