Ministro critica prisão de motoboy negro esfaqueado por homem branco

Prisão de homem negro no RS é exemplo de como o “racismo perverte as instituições e agentes”, disse o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Foto: Reprodução

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, criticou neste domingo (18), a Brigada Militar de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, pela prisão de um homem negro, após ele ser vítima de tentativa de homicídio por parte de um homem branco.

Em suas redes sociais, o ministro disse que a ocorrência demonstra “a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”. Ele também cobrou medidas e práticas de governança antirracista para enfrentar essa questão.

“O caso do trabalhador negro, no Rio Grande do Sul, que tendo sido vítima de agressão acabou sendo tratado como criminoso pelos policiais que atenderam a ocorrência, demostra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”, escreveu o ministro em sua conta na rede social X.

“É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas. Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional”, acrescentou.

A ação dos policiais, realizada na manhã de sábado, foi gravada por pessoas que testemunharam a agressão sofrida pelo homem detido.

Nas imagens é possível ver a vítima, um homem negro, dando explicações a um dos policiais da Brigada Militar que atende a ocorrência. Simultaneamente, outra policial conversa com o suposto agressor, um homem branco sem camisa. A pessoa que filma o vídeo diz que o homem “deu uma facada no pescoço dele”, e que “depois tentou de novo”.

Em determinado momento, a vítima diz que trabalha na região, mas é interrompido pelo homem branco, que diz que ele “não trabalha nada”. Ao tentar responder, o homem negro é agarrado pela camisa por um policial e, momentos depois, pressionado contra um muro.

Apesar da presença de outros três agentes, o suposto agressor sai andando do local enquanto os policiais imobilizam o homem ferido e o algemam, sob protestos de pessoas que presenciaram a ação.

O ministro disse que seu ministério e o comandado por Anielle Franco, da Igualdade Racial, vão entrar em contato com as autoridades locais para acompanhar o caso e “ajudar na construção de políticas de maior alcance”, indicando que podem buscar promover uma campanha de abrangência nacional, com esse propósito. A ministra Anielle Franco também se pronunciou sobre o caso, que resultou em grande repercussão nas redes sociais.

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