Pressão internacional sobre Israel aumenta após 112 mortos em Gaza

EUA e ONU pressionam Israel por “respostas” após massacre. População em Tel Aviv sai às ruas para protestar pelo fim da guerra e contra o governo de extrema-direita de Netanyahu

Foto: Reprodução/ Exército israelense

No mesmo dia em que o número de mortos chegou ao escandaloso número de 30 mil vítimas, os militares israelenses abriram fogo, nesta quinta (29), contra uma multidão faminta que se lançou sobre um comboio de ajuda humanitária, em Gaza. São 129 mortos segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.

O governo brasileiro, em nota publicada pelo Itamaraty, afirmou que reagiu com “profunda consternação” ao massacre promovido por Tel Aviv e diz que o governo de Israel ‘não tem qualquer limite ético ou legal’ em Gaza.

Com o massacre, o governo de extrema-direita de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, vive seu pior momento na guerra, enquanto a ONU (Organização das Nações Unidas) e até os EUA, aliado de primeira hora, criticaram a ação genocida.

O Exército israelense afirmou nesta quinta que houve um “tumulto” quando milhares de civis se lançaram sobre um comboio de 30 caminhões com ajuda humanitária, o que provocou dezenas de mortos e feridos, alguns atropelados pelos veículos.

Uma fonte israelense indicou que os soldados abriram fogo contra a multidão ao se sentirem “ameaçados”. O Ministério da Saúde de Gaza detalhou que pelo menos 129 pessoas morreram e cerca de 750 pessoas ficaram feridas.

Segundo o ministério de Gaza e várias testemunhas, os militares israelenses posicionados nas imediações para proteger o comboio atiraram contra a multidão que avançou sobre os caminhões.

O episódio diminui as esperanças de que Israel e o movimento islamista palestino estabeleçam uma trégua nos próximos dias. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que mencionou nesta semana a possibilidade de um acordo antes da próxima segunda, admitiu que esse prazo “provavelmente” não poderá ser cumprido.

Horas após o massacre o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, afirmou que as Forças de Defesa Israelenses agiram de forma “excelente” e cobrou “apoio total” ao massacre. Ben-Gvir disse que militares “agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los”.

“Deve ser dado apoio total aos nossos heroicos combatentes que operam em Gaza, que agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los”, escreveu o ministro israelense em seu Twitter.

Em nota, o Itamaraty disse que “declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana”.

Ben-Gvir integra o Poder Judaico, partido de extrema-direita, e já foi acusado de ser supremacista. Ele chamou de “loucura” a manutenção dos envios de itens básicos a Gaza. Para ele, o apoio à população local também representa um risco aos soldados israelenses.

Apesar do cinismo do governo de Netanyahu, a pressão internacional aumenta o peso das críticas as ações militares israelenses.

Os Estados Unidos exigiram, nesta quinta, respostas de Israel depois da publicação de um vídeo aéreo pelo exército do Estado judeu.

“Estamos em contato com o governo israelense desde esta manhã cedo e entendemos que uma investigação está sendo realizada. Vamos acompanhar de perto esta investigação e pressionar para obter respostas”, disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

“Buscamos de forma urgente informações suplementares sobre o que aconteceu exatamente”, acrescentou o porta-voz, que apresentou suas condolências às famílias dos mortos.

No Conselho de Segurança da ONU, no entanto, os Estados Unidos votaram contra uma declaração que responsabilizaria Tel Aviv pelas mortes palestinas durante a distribuição de comida e ajuda humanitária.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, “condenou” o ocorrido nesta quinta durante a distribuição de alimentos e afirmou ter ficado “chocado” com o último episódio. O secretário disse que o episódio do massacre requer uma investigação independente.

“Estou totalmente convencido de que precisamos de um cessar-fogo humanitário e uma imediata e incondicional libertação de reféns. E nisso precisamos ter um Conselho de Segurança capaz de atingir esses objetivos”, concluiu.

Não é só a pressão internacional que encurrala o governo do primeiro ministro Benjamin Netanyahu. Na noite desta quinta centenas de pessoas se reuniram em Tel Aviv, capital de Israel, em uma manifestação que pede o fim da guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza.

Segundo o portal israelense Times of Israel, cerca de 300 pessoas participaram do protesto, que foi convocado por organizações progressitas do país.

Autor