Depoimento de general à PF liga Bolsonaro a reuniões da “minuta do golpe”

Freire Gomes, que foi comandante do Exército sob Bolsonaro, falou por oito horas e confirmou participar de reuniões golpistas; ex-presidente teria dado ordem para manter acampamentos

Freire Comes, ex-comandante do Exército | Foto: Alan Santos/PR

O general da reserva Marco Antônio Freire Gomes prestou depoimento de oito horas para a Polícia Federal (PF) sobre a “minuta do golpe” na sexta-feira (1). Ele foi comandante do Exército no governo Jair Bolsonaro e no seu longo relato confirmou a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid sobre a articulação do grupo a fim de impedir a posse de Lula como presidente por meio de um golpe de Estado.

Freire Gomes admitiu que foram realizadas reuniões para debater o conteúdo da minuta, posteriormente descoberta na casa de do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres. O conteúdo do infame documento foi alterado inúmeras vezes e nas versões preliminares ainda compreendia o desejo golpista pela prisão dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, assim como do presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco.

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O general que agora faz questão de detalhar o passo a passo da tentativa de golpe é considerado um traidor entre os bolsonaristas, pois teria protelado da ideia e não colocado em marcha o plano, que dependia da adesão das Forças Armadas. Em mensagens obtidas pela PF nas investigações, o general Braga Netto, ex-candidato a vice de Bolsonaro, chamou Gomes de “cagão”.

No entanto, ainda que deva ser punido por sua conduta, Freire Gomes pode, ao menos, dar o troco e acusar quem o chamou “cagão” junto a demais golpistas.

Para a PF, ele poderia ter ficado calado sob a prerrogativa de não produzir provas contra si. Porém preferiu responder as mais oitenta perguntas que estavam no roteiro dos investigadores e que geraram outros duzentos questionamentos a partir do que foi sendo revelado.

Segundo o Jornal da Band, Gomes indicou que partiu de Bolsonaro a ordem para não desmobilizar os acampamentos golpistas em frente aos Quartéis-Generais do Exército. Deles teriam partido grande massa de golpistas que, entre outras situações, vandalizaram os prédios dos Três Poderes em Brasília em 8 de Janeiro de 2023.

Agora, o conteúdo do depoimento dele é guardado à sete chaves para não comprometer o sigilo das investigações.

Repercussão

Com averiguação pela mídia do longo depoimento e com as informações de que Freire Gomes contribui até mais do que esperado, a repercussão foi imensa pelas redes sociais.

Confira algumas das manifestações: