Brasil tem queda de 35% no consumo de tabaco e aumento de álcool entre mulheres

A trajetória descendente é um testemunho das políticas públicas eficazes implementadas no país, enquanto as mulheres conquistaram igualdade de comportamento com homens em grande parte do mundo

No cenário das políticas de saúde pública, o Brasil emerge como um exemplo de sucesso na luta contra o tabagismo, enquanto enfrenta desafios persistentes no combate ao consumo abusivo de álcool. A implementação integral das medidas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 resultou em uma significativa redução no número de fumantes, conforme dados divulgados pela pesquisa Vigitel, sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde.

O tabaco ainda mata mais de 8 milhões de pessoas no mundo sendo 156 mil mortes por ano só no Brasil, fora as 50 doenças decorrentes. 

Desde 2010, o país alcançou uma impressionante diminuição de 35% no consumo de tabaco, uma conquista que coloca o Brasil como o segundo país a adotar completamente as recomendações da OMS. As políticas públicas abrangentes, que incluem monitoramento, proteção, oferta de ajuda, alertas e aumentos de impostos, desempenharam um papel fundamental nesse declínio notável.

Entretanto, enquanto o tabagismo diminui, o mesmo não pode ser dito sobre o consumo de álcool. Segundo o Vigitel, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas permanece estável (17,2% para 20,8% em 15 anos), com uma tendência preocupante de aumento entre as mulheres jovens.

Veja o aumento do consumo entre mulheres em 15 anos:

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas reflete mudanças sociais globais, especialmente na igualdade de comportamento entre homens e mulheres ao longo do tempo. 75% das pessoas que fazem o uso abusivo acham que o uso é moderado, com uma percepção distorcida do que seja alcoolismo, que é apenas a expressão da ponta de um iceberg.

Segundo a OMS, o uso nocivo do álcool é responsável por três milhões de mortes por ano. O consumo de bebida alcoólica é um fator causal em mais de 200 doenças e lesões, como cirrose hepática, úlceras, câncer de garganta, neuropatias e dependência.

Os dados da pesquisa Vigitel mostram uma tendência constante de queda no número de fumantes no Brasil ao longo dos anos. Desde o início da pesquisa em 2006, houve uma redução significativa, com o percentual de fumantes caindo de 15,7% para 9,3% em 2023. Essa trajetória descendente é um testemunho das políticas públicas eficazes implementadas no país.

O declínio é atribuído à adoção de políticas públicas abrangentes e ao tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para quem deseja parar de fumar. No entanto, a importância de manter a vigilância e fortalecer continuamente essas medidas é fundamental para garantir que a tendência de queda persista.

Na pandemia, por exemplo, houve uma redução de pessoas que procuravam o tratamento para parar de fumar do SUS, mas esse número voltou a subir pós-pandemia. Em 2023, o programa teve um aumento na procura de mais de 35%. Outro enfrentamento provocado pela indústria do tabaco é a sedução do cigarro eletrônico para a população jovem. A manutenção da RDC nº 46/2009, proibindo-o, é fundamental para que o Brasil continue avançando.

Enquanto o tabaco continua sendo uma preocupação de saúde pública, o consumo de álcool também apresenta desafios. Apesar de não haver uma variação significativa nos últimos 15 anos, o consumo abusivo de álcool permanece em uma proporção preocupante, especialmente entre as mulheres jovens.

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