#8M inaugura agenda de lutas dos movimentos sociais no país

A data é oportuna para reiterar a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha por centro o fortalecimento da democracia, emprego e renda dignos

Movimentos Sociais fazem manifestação em SP para marcar o Dia Internacional da Mulher. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Neste 8 de março – Dia Internacional de Luta das Mulheres – as ruas de diversas cidades do mundo serão tomadas pela força e desejo mudanças das mulheres. Serão centenas de milhares, que sempre estiveram na linha de frente das lutas populares por direitos e por melhores condições de vida, que se unirão em mais um grito de basta de violência, mortandade, opressão e desigualdades.

No Brasil, diversas mulheres também levantam a pauta de luta das mulheres organizadas também inclui o combate à exploração capitalista, patriarcal, racista e xenófoba que oprime, historicamente, mulheres chefes de famílias, negras, indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+, crianças, jovens, idosas e com deficiência (PcDs), nos campos, nas águas, florestas e cidades.

Vale lembrar que a data não só inaugura mais um ano de lutas por todo o país, ela também se torna oportuna para reiterarmos nossa posição em defesa de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha por centro o fortalecimento da democracia, emprego e renda dignos. Também é um momento de dizer basta à espiral de violência e desigualdades que estão enraizados e nossa cultura há séculos.

Além disso, neste ano, as mulheres daqui e de diversas partes do globo se conectam à conjuntura internacional, levantam a urgente bandeira da defesa da autodeterminação dos povos, dizem não ao imperialismo, e exigem paz no mundo e o cessar fogo imediato na Palestina.

Em São Paulo, os movimentos populares, os sindicatos, o terceiro setor, entre outros, sabem que para avançar na construção de uma cidade mais humana e inclusiva é fundamental vencer retrocessos históricos, entre eles o avanço brutal do feminicídio. Esses segmentos registram que não haverá avanço digno quando ainda testemunhamos que 4 mulheres sejam mortas todos os dias em todo país, totalizando 1.158 em todo ano (Mapa da Violência, de 2023). Somente em São Paulo, foram 221 mulheres brutalmente assassinadas, em 2023; 195, em 2022; e 140, em 2021.

De igual modo, também não podemos conceber que o segmento que produz grande parte de toda riqueza do mundo e que é fundamental no processo de construção social seja o mais excluído. As mulheres somam 70% da população mais pobre do mundo (ONU Mulheres, 2023), lembrando que destas a imensa maioria são de mulheres negras.

E quando o assunto é renda, ainda convivemos com a realidade de que as mulheres brasileiras ganham 20% menos que os homens exercendo as mesmas funções, ou seja, é como se a cada ano as mulheres trabalhassem 74 dias sem remuneração salarial.

Contudo, há esperança. Após quatro anos de uma política nefasta de subtração dos direitos humanos, liderada por Jair Bolsonaro, o país segue em novo rumo. Um grande destaque é a Lei que equipara os salários entre homens e mulheres, um passo importante, nos marcos do Governo Lula, no enfrentamento das profundas desigualdades sociais e econômicas de gênero. Um sopro que nos garante um fôlego na imensa batalha que travamos.

Não restam dúvidas de que, frente à herança histórica e à realidade objetiva que atravessa o país, um projeto de nação não pode prescindir de ações que promovam políticas públicas que garantam mais empregos e remuneração justa e igual entre homens e mulheres; uma política de segurança robusta e que foque no avanço da cidadania e da participação de todas na vida da cidade; a proteção das mães e da infância; o fortalecimento desta agenda na área da Educação, de modo a ampliar no imaginário social que a luta das mulheres é uma luta de todos; sem falar em propostas que assegurem à mulher direitos políticos e preparação para o exercício inteligente desses direitos, e que estreitem os laços de amizade com a comunidade internacional, afinal a luta feminina também é uma luta internacionalista.

Somente juntos e juntas transformaremos o mundo e garantiremos uma outra sociedade para nossos filhos e filhas.

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