STF homologa delação que apontaria deputado como mandante da morte de Marielle

Conforme o Intercept Brasil, deputado Chiquinho Brazão teria sido citado por Lessa como o mandante do crime. A família do congressista tem muita influência no RJ.

Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologou, nesta terça (19), a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

A delação de Lessa, confesso executor do atentado político, chegou a Suprema Corte por suposto envolvimento de autoridade com foro privilegiado. Segundo informações publicadas pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, o deputado federal Chiquinho Brazão (União) seria a razão pela qual a delação do miliciano foi parar na Corte.

As revelações de Lessa são importantes para a solução do caso uma vez que ele entregou os mandantes e as circunstâncias do assassinato da vereadora e do motorista. De acordo com pessoas próximas da investigação, Lessa não queria colaborar, mas mudou de ideia depois que Élcio de Queiroz o entregou como o executor dos assassinatos.

No primeiro depoimento, foram duas horas de revelações gravadas em áudio e vídeo. Lessa contou o que mais se buscava dele: quem o contratou para executar o assassinato de Marielle.

O ex-PM forneceu uma série de indícios, circunstâncias e provas não apenas do seu envolvimento na execução do duplo assassinato, mas sobretudo sobre quem estava por trás da encomenda das mortes. E também falou sobre porque os mandantes desejavam matar de Marielle Franco.

Os mandantes, segundo Lessa, integram um grupo político poderoso no Rio de Janeiro com vários interesses em diversos setores do Estado. O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações. E tudo passou a ser verificado pela força tarefa de policiais e membros do Ministério Público.

Do presídio federal em Campo Grande, Ronnie Lessa participou na segunda (18) de videoconferência com o juiz que integra a equipe do ministro Alexandre de Moraes. Ele confirmou os termos dos depoimentos prestados e revelações feitas ao longo da investigação policial do ano passado.

O deputado Chiquinho Brazão é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que, segundo o site Intercept Brasil, foi citado por Lessa como o mandante do crime. O nome de Domingos Brazão foi veiculado antes mesmo da homologação da delação, que estava no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro e ex-vereador da capital fluminense, Chiquinho Brazão ainda não se pronunciou sobre a divulgação de seu nome por parte do colunista.

Nesta terça, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que o desfecho do caso deve ser rápido a partir da homologação. “Nos levam a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, disse o ministro.

Segundo Lewandowski, a delação foi homologada depois ter passado por uma audiência com o juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes. O ministro disse que não tem ciência do conteúdo da delação, que corre em sigilo, mas que, durante a audiência, Lessa confirmou “todos os termos da colaboração premiada”.

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