Crescimento da indústria da China, em março, indica maior dinamismo no comércio global

Economista Marcelo Fernandes diz ao Portal Vermelho que a China continua crescendo mais que outras economias sem “forte intervenção estatal”

A atividade industrial da China apresentou uma expansão pela primeira vez em seis meses em março, conforme revelou uma pesquisa oficial divulgada neste domingo (31). O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial subiu para 50,8 em março, de 49,1 em fevereiro, ultrapassando a marca de 50 que separa crescimento da contração e superando as expectativas dos analistas.

Essa leitura mais alta do PMI desde março do ano passado indica um crescimento modesto, porém significativo, sinalizando uma retomada gradual do impulso econômico chinês, que foi afetado pelas rígidas restrições impostas pela pandemia de covid-19.

Analistas do mercado avaliam que esses indicadores mostram que a oferta e a demanda domésticas melhoraram, enquanto a confiança dos proprietários e das empresas está se recuperando, e a disposição para consumir e investir está aumentando.

Apesar do crescimento na atividade industrial, os dados também revelaram que o emprego continuou a encolher, embora em um ritmo mais lento. No entanto, os novos pedidos de exportação subiram para território positivo, interrompendo 11 meses de quedas consecutivas.

A avaliação do economista Marcelo Fernandes, professor da UFRRJ, destaca que, apesar das críticas e acusações pessimistas enfrentadas pela China, o país continua a crescer acima da média mundial. Ele ressalta que, em 2023, enquanto a média de crescimento do PIB mundial foi de 3,1%, a China registrou um crescimento de 5,2%.

“Embora a China de fato tenha passado a crescer menos, ela continua crescendo acima da média mundial. Ela é de fato ainda um dos países que mais cresce no mundo”, afirma Fernandes, em entrevista ao Portal Vermelho. Em 2023, enquanto a média de crescimento do PIB mundial foi de 3,1%, a China cresceu 5,2%, superando as expectativas. O governo chinês planeja um crescimento de 5% para o país, enquanto a previsão global é de 2,9%.

Comparando com os países desenvolvidos, Fernandes destaca que a China mantém um crescimento maior, inclusive superando economias como a dos Estados Unidos e da Alemanha. Apesar de não atingir os padrões dos anos 90 e 2000, o crescimento chinês ainda é significativo em comparação com o resto do mundo.

O economista também observa que a China mantém uma taxa de desemprego relativamente baixa, em torno de 5%, e uma inflação estável, características que contribuem para a estabilidade econômica do país.

Ele também enfatiza a importância do crescimento econômico chinês para a economia global, destacando o papel crucial que a China desempenha como uma das principais destinatárias das exportações de vários países, incluindo o Brasil. Os novos pedidos de exportação registraram um aumento, interrompendo uma sequência de 11 meses de quedas consecutivas.

Os analistas de mercado insistem em abordar os índices recentes como uma lenta recuperação, embora comecem a revisar suas previsões de crescimento para este ano. No entanto, salientam que “uma profunda retração no setor imobiliário chinês permanece como um grande desafio ao crescimento econômico, colocando à prova a saúde dos governos locais, que estão altamente endividados, e dos balanços patrimoniais dos bancos estatais”.

“É irônico que, apesar dos desafios econômicos enfrentados pela China, haja uma torcida por uma crise econômica profunda, que supostamente provaria a ineficácia do sistema de forte intervenção estatal na economia. No entanto, o crescimento consistente da China ao longo das últimas décadas desafia essa narrativa”, conclui Fernandes.

Portanto, apesar dos desafios enfrentados, a China continua a manter um crescimento robusto, o que é fundamental para a estabilidade econômica global. Ainda que as críticas persistam, os dados recentes indicam uma trajetória positiva para a segunda maior economia do mundo.

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