Brasil é 19º no G20 em representação parlamentar feminina

Segundo relatório do IBGE, com dados da ONU de 2022, Brasil tem 14,8% de mulheres no parlamento, o 2º pior índice do G20, superando apenas o Japão com 9,7%

Atual bancada feminina do Congresso Nacional | Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Uma análise recente divulgada pelo IBGE, com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2022, coloca em evidência um dos grandes desafios enfrentados pelo Brasil e outros países membros do G20: a desigualdade de gênero no parlamento. De acordo com o relatório “Criando Sinergias entre a Agenda 2030 e o G20 – Caderno Desigualdades – primeiras análises”, o Brasil apresenta uma das menores taxas de representatividade feminina no parlamento nacional entre os países do G20, situando-se como o segundo pior, superando apenas o Japão, que tem 9,7% de ocupação feminina em seu parlamento, em termos de igualdade de gênero na representação política.

Em 2022, dos 594 parlamentares brasileiros, somente 89 eram mulheres, correspondendo a 14,8% do total. Este cenário coloca o Brasil atrás de países como a Arábia Saudita, onde 19,8% dos assentos do Parlamento são ocupados por mulheres, um fato notável dado as históricas restrições à liberdade feminina no país.

Tabela da representatividade feminina em parlamentos nacionais dos membros do G20 | Imagem: reprodução/O Globo

Avanços e desafios globais

Apesar dos desafios, houve progresso. Em 2024, a representatividade feminina no congresso brasileiro aumentou para 18,2%, segundo dados da Câmara dos Deputados e do Senado. Este avanço, embora modesto, sugere uma tendência de melhora na inclusão das mulheres na política brasileira. Internacionalmente, países do G20 como o México e a Argentina lideram na redução da desigualdade de gênero no parlamento, com representatividades de 50% e quase 45%, respectivamente.

No entanto, a questão da desigualdade de gênero vai além da representatividade política. Em 2021, o Brasil figurou como o terceiro país do G20 com a maior proporção de mulheres em posições gerenciais, alcançando 38,8% em 2021, atrás apenas da Rússia e dos Estados Unidos, destacando uma complexidade na questão de gênero que envolve não apenas a participação política, mas também a presença feminina em cargos de liderança e tomada de decisão no setor corporativo.

O caminho para 2030

A publicação do IBGE e os dados da ONU são um lembrete dos desafios para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, que visa a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas até 2030. Como parte da Agenda 2030 da ONU, estes objetivos são um plano global para um mundo mais justo e sustentável.

Segundo Denise Konemberger, gerente de Relações Internacionais do IBGE, os dados são fundamentais para o Brasil criar políticas públicas mais efetivas de desenvolvimento econômico e social, especialmente no contexto da preparação do país para sediar o G20 em novembro.

“O Brasil vai sediar o G20 em novembro e o IBGE tem acesso a muitas informações úteis que podem ajudar o nosso país a criar políticas mais efetivas de desenvolvimento econômico e social junto aos outros 19 países membros. Analisamos nossos dados nacionais e também cruzamos com os dados locais das outros países para produzir esses monitores que devem guiar a Agenda 2030” explica Konemberger.

Ampliar a representação das mulheres nos espaços de poder e liderança, eliminar a violência contra a mulher e todas as formas de discriminação são desafios críticos para alcançar o ODS 5. A jornada em direção a um mundo mais igualitário exige esforços contínuos e a colaboração de todas as nações, com o Brasil desempenhando um papel crucial no cenário global.

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com agências

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