Juiz cobra de Trump mentiras ditas em redes sociais

O modo como o ex-presidente dos EUA acumula frases polêmicas, de modo conveniente com seus interesses, em detrimento da verdade, tem se tornado uma ameaça criminal nos tribunais

O hábito de Donald Trump de ter um fluxo de consciência pronto para disparar, pode agora ser usado contra ele por promotores e um juiz enquanto o ex-presidente está em julgamento.

Na mais recente reviravolta no julgamento criminal envolvendo Donald J. Trump, o juiz responsável pela audiência, Juan M. Merchan, expressou preocupações sobre a veracidade das declarações feitas pelo ex-presidente. Em uma audiência marcada por momentos de tensão, o advogado de Trump, Todd Blanche, foi pressionado pelo juiz a explicar as afirmações falsas feitas por seu cliente nas redes sociais.

O cerne da questão reside na postagem de Trump, na qual ele alegou que uma declaração pública que era de conhecimento há anos acabara de ser “ENCONTRADA!”. Blanche admitiu durante a audiência que a postagem era falsa, mas o juiz Merchan insistiu em entender a gravidade da situação. “Preciso entender”, disse o juiz Merchan, olhando para o advogado da bancada, “com o que estou lidando”.

Trump passou cinco décadas vomitando afirmações, às vezes contradizendo-se em minutos, às vezes no mesmo fôlego, com pouca preocupação com consequências do que dizia. O objetivo era divertir e envolver seus fãs, enfurecer ou desorientar os adversários, sempre estimulando ameaças, ódio e violência.

Sua carreira política e pública foi marcada por um fluxo constante de declarações muitas vezes contraditórias, tornando a questão da verdade uma constante. Suas palavras, tratadas como mercadorias descartáveis ao longo de sua carreira, protegida por fóruns privilegiados, agora podem ser usadas contra ele pelos promotores e pelo próprio juiz Merchan.

Os promotores argumentaram que Trump violou uma ordem de silêncio ao atacar testemunhas, o que resultou em ameaças credíveis de violência. Ele continua falando em público e nas redes sobre assuntos jurídicos de que é proibido por intimidar as testemunhas. O juiz Merchan questionou repetidamente Blanche sobre a veracidade das declarações de Trump, indicando um possível desacato criminal.

O caso levanta questões não apenas sobre a liberdade de Trump, mas também sobre os princípios fundamentais que ele sempre defendeu em seu discurso público: um desrespeito conveniente pela verdade, a negação direta de qualquer coisa prejudicial e uma insistência teimosa de que seus adversários sempre agiram de má fé.

Apesar das consequências mínimas até o momento, — multas que ele ignora — Trump enfrenta uma audiência que poderia resultar em desacato criminal. Sua tendência de tratar problemas jurídicos como problemas de relações públicas pode finalmente encontrá-lo em águas turbulentas, com promotores argumentando que suas declarações públicas violaram ordens judiciais.

Enquanto o caso continua a se desenrolar, Trump permanece firme em sua postura. Mas o veredito final sobre suas declarações e seu destino no tribunal ainda está para ser decidido. A próxima audiência, que promete destacar ainda mais as palavras de Trump, continua a manter o público em suspense sobre o desfecho dessa saga jurídica.

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