Andes protesta contra ultimato do governo para assinar acordo

“Ao afirmar que não há margem para novas contrapropostas, o governo interrompe unilateralmente o processo de negociação”, diz nota da entidade dos professores

Professores participam da Marcha da Classe Trabalhadora, em Brasília. (Foto: Divulgação)

O Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes) classificou de autoritário o comunicado do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) dizendo que a reunião de segunda-feira (27) com o comando de greve será, “unicamente”, para assinar acordo e não receberá mais contrapropostas.

A entidade classificou a mensagem de autoritária e um ataque ao direito de greve dos docentes. “Ao afirmar que não há margem para novas contrapropostas, o governo interrompe unilateralmente o processo de negociação”, diz nota da entidade.

O e-mail contendo esse teor foi enviado na última terça-feira (21) pela diretoria de Relações de Trabalho no Serviço Público do MGI.

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Em nota, o Ministério da Gestão afirmou que o comunicado de esclarecimento enviado por email às entidades representativas dos servidores dos docentes teve como único objetivo reafirmar o entendimento mantido entre as entidades e o governo.

O presidente do Andes, Gustavo Seferian, disse que o governo “expressa imensa intransigência” com as negociações, “além de um desrespeito com a dinâmica grevista”. Para ele, ainda que as rodadas de negociação estivessem em um compasso lento, elas vinham ocorrendo com mesas e espaços de interlocução.

“Quando o governo passa a agir de forma ultimatista, fere princípios elementares do movimento sindical e da negociação coletiva. Nós, professores e professoras em greve, queremos negociar, seguir um bom compasso de partilhas entre propostas e contrapropostas que se estabeleceu na greve, e caso a base da categoria entenda por apresentar uma nova contraproposta, será essa nossa ação no dia 27 de maio”, afirmou.

A proposta apresentada pelo governo no dia 19 de abril prevê reajuste de 9% em janeiro de 2025 e mais 3,5% em maio de 2026. Os professores propõem reajuste de 22% em três anos, sendo 3,7% já neste ano.

“O Comando Nacional de Greve indica que a proposta apresentada está muito longe de recompor as perdas salariais sofridas nos últimos anos e desestrutura ainda mais a carreira do magistério federal”, diz nota do Andes.

Golpe

O comando de greve também consultou a assessoria jurídica sobre a possibilidade ação judicial para evitar um possível “golpe” da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proífes) que sinalizou favorável ao acordo com o governo no próximo dia 27.

“Existem motivações jurídicas suficientes para se ingressar com ações judiciais para retirada de entidade ilegítima da mesa de negociação”, diz nota do Andes.

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