Biden anuncia medida que pode regularizar meio milhão de imigrantes

Mulheres casadas com cidadãos americanos devem ser principais beneficiadas, assim como seus filhos. Medida pode afetar votação de Biden em estados chave para a eleição.

Imigrantes recém-chegados buscam vaga e alimento em abrigo em San Antonio (Texas)

Duas semanas após o fechamento da fronteira com o México, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (18) uma medida histórica para regularizar a situação de cerca de 500 mil imigrantes. A nova política destina-se a imigrantes ilegais que vivem no país há pelo menos 10 anos e a crianças e jovens abaixo de 21 anos com pais americanos. Levantamentos apontam que a medida beneficia principalmente mulheres, que seriam a maioria dos casos de casamentos com cidadãos americanos.

Biden enfatizou que a medida visa manter as famílias de migrantes unidas, contrastando com as políticas de separação familiar do ex-presidente Donald Trump. “Essas famílias passaram os últimos anos na incerteza. Nós podemos consertar isso e é o que faremos hoje”, declarou Biden. Este esforço é uma das ações mais abrangentes para apoiar imigrantes na última década e demonstra a tentativa de Biden de equilibrar um tema crucial nas eleições presidenciais.

A nova política permitirá que imigrantes em situação irregular, casados com cidadãos americanos, regularizem seu status migratório, obtenham autorização de trabalho e evitem a deportação. Para se qualificar, o imigrante deve estar nos Estados Unidos há pelo menos dez anos, e o casamento deve ter ocorrido até segunda-feira (17).

A legislação americana já concedia esses direitos, mas era mais restritiva para quem entrou ilegalmente no país. A regularização era adiada, pois as pessoas não querem ficar longe da família por muito tempo. O imigrante era obrigado a sair dos Estados Unidos para dar entrada nos documentos – uma burocracia longa.

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Repercussões políticas

A medida recebeu elogios de grupos de defesa dos imigrantes, mas também críticas de políticos conservadores, incluindo Donald Trump, que promete deportações em massa se reeleito. Rebecca Shi, diretora-executiva da Coalizão Americana de Imigração Empresarial, afirmou: “A grande maioria dos americanos apoia essas medidas humanas e sensatas. Isso vai melhorar diretamente a vida de mais de 10 milhões de cidadãos americanos que têm um membro da família sem documentação.”

Biden também criticou Trump por separar famílias na fronteira e por usar linguagem ofensiva contra imigrantes. “Podemos tanto assegurar a fronteira quanto oferecer caminhos legais para a cidadania”, disse Biden.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, elogiou a decisão como um “avanço” significativo, ressaltando a importância de regularizar mexicanos que trabalham nos Estados Unidos há anos. “É uma ótima notícia que vão regularizar famílias de mexicanos nos Estados Unidos, sobretudo os estudantes, os jovens. É digno de reconhecimento”, declarou López Obrador.

Implicações econômicas e eleitorais

A medida pode influenciar significativamente a política americana, especialmente em estados decisivos como Nevada, Arizona e Geórgia, onde muitos eleitores vivem em famílias de “status misto”. A senadora Catherine Cortez Masto, democrata de Nevada, afirmou que a ação de Biden impulsionaria a economia em seu estado.

Por outro lado, a NumbersUSA, organização que apoia controles mais rígidos de imigração, classificou a nova política como “inescrupulosa” e acusou Biden de ultrapassar sua autoridade ao implementar um processo considerado inconstitucional.

A nova política de regularização anunciada por Biden representa um marco na abordagem dos Estados Unidos à imigração, focando na reunificação familiar e na criação de caminhos legais para imigrantes que já contribuem para a sociedade americana. A medida, ao mesmo tempo, reacende o debate político em um dos temas mais polarizadores do país.

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