MapBiomas alerta para a diminuição da superfície de água no Brasil

De acordo com a rede colaborativa, o país vem ‘secando’ desde os anos 2000. Principal preocupação é com o Pantanal

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O levantamento MapBiomas Água mostrou que a superfície de água do Brasil ficou abaixo da média histórica, em 2023. O dado alarmante que mostra o país “secando” foi divulgado na quarta (26). O estudo mostra que a água cobria 18,3 milhões de hectares do Brasil ou 2% do território nacional, 1,5% abaixo em relação à média histórica.

Os dados, que tem como referência o início da série histórica iniciada em 1985, revelam que em todos os meses do ano anterior houve redução em relação a 2022 – que tinha superfície de água de 18,8 milhões de hectares.

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Conforme o MapBiomas, o Brasil perde a superfície de água desde 2000. No ano passado, corpos hídricos naturais eram 77% da superfície de água, o que significa uma queda de 30,8% ou 6,3 milhões de hectares em relação a 1985.

Em dez estados a superfície de água ficou abaixo da média histórica em 2023, com maiores prejuízos em “Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com perda de superfície de água de 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente”.

Pantanal em crise

Entre os biomas o Pantanal é o que mais preocupa. O Mapbiomas mostra que superfície de água em 2023 ficou 61% abaixo da média histórica. Isto provocou a redução da área alagada e do tempo de permanência da água. Este cenário se reflete no atual momento pelo qual o Pantanal passa com focos de incêndios considerados sem precedentes.

“Enquanto o Cerrado e a Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências, agravadas pelas mudanças climáticas, ressaltam a necessidade urgente de estratégias de adaptação de gestão hídrica”, diz, Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água. 

Como apontou Schirmbeck, o Cerrado teve a maior superfície de água na série histórica para o bioma, com 1,6 milhão de hectares, o que representa 11% acima da média histórica. Já a Caatinga ficou 6% acima da média histórica, com 975 mil hectares. A Mata Atlântica também apresentou bons resultado e ficou 3% acima da média histórica.

Por outro lado, a Amazônia, que concentra mais da metade da superfície de água do país (62%), teve retração de 3,3 milhões de hectares em relação a 2022, ficando em 12 milhões de hectares.

Também preocupa a superfície de água no Pampa, que no ano passado ficou 1,3% abaixo em relação a 2022. O bioma, que fica na sua parte brasileira no Rio Grande do Sul, sofre com as alternâncias climáticas que o estado tem passado entre secas severas e chuvas abundantes, como vimos com a recente tragédia climática.

*Informações Mapbiomas