Jô Oliveira, a cor de Campina, a força do povo

“Jô mostrou que, não abandonando a base popular, dialogando e estando presente na lutas populares da sociedade organizada, essa sabe reconhecer suas representações legítimas.”

Jô Oliveira | Foto: reprodução/Facebook

A eleição de Jô Oliveira, mulher negra, de esquerda, como a vereadora mais votada de Campina Grande nos deixa algumas lições e um imenso orgulho de ser dessa cidade.

Ficou claro a grande aprovação do seu primeiro mandato parlamentar.

Jô fez um mandato realmente da esquerda campinagrandense. Em sua equipe encontrávamos gente do PT, PSOL, PCdoB, sindicalistas e representantes dos diversos movimentos sociais.

Jô mostrou que, não abandonando a base popular, dialogando e estando presente na lutas populares da sociedade organizada, essa sabe reconhecer suas representações legítimas.

Jô fez um mandato claramente de esquerda, porém não sectário.

Dialogou com todas as forças políticas, sem perder a referência do seu lugar de fala.

Importante.

A espetacular votação de Jô, nega o besteirol repetido pela direita midiática de que Campina Grande é uma cidade conservadora, de direita.

O contrário. Na onda conservadora neofacista que assola o país e o mundo a eleição de Jô mostra força, resistência e o caminho para as forças progressistas, populares. Ou seja, voltar às bases, dialogar com as bases.

E Campina Grande demonstra coragem e sabedoria em evidenciar seu lado mais avançado. Campina Grande é berço de grandes e históricas lutas populares. Da resistência Arius, da luta antiescravista, da luta camponesa do Quebra-Quilos. Da resistência à Ditadura Militar. Das greves gerais históricas doa anos 1980. Da rebeldia estudantil e poética.

Na ruas e bairros de Campina Grande estão marcadas sua história de resistência.

Campina tem tradição de luta. De formar grandes personalidades da Esquerda.

A eleição de Jô é o resgate da memória de Félix Araújo. É sentar na cadeira que pousou o vereador sapateiro comunista, líder dos trabalhadores: o grande José Peba.

Campina tem nome de esquerda a honrar. Intelectuais brilhantes, que impigiram e marcam a melhor memória dessa cidade.

Certamente inspiração necessária a Jô para impulsionar as demandas populares.

Na eleição de Jô pulsa a sabedoria e humanismo de Dr. Virgílio Brasileiro, de Dr. Carlos Tejo. Símbolos de uma esquerda pensante, culta e comprometida com essa cidade.

Jô levará consigo a Cozete líder sindical, corajosa no enfrentamento as oligarquias locais. Vai estar presente nas suas ações parlamentares, o grande Oliveiro Oliveiras.

Jô é, na atualidade, o que foi a voz de Márcio Rocha, Ivan Freire e outra lideranças de esquerda que frequentaram e honraram a casa de Félix Araújo.

Com a espetacular votação de Jô, Campina honra sua tradição rebelde. Sua coragem histórica.

Jô Oliveira mostra à Esquerda qual deve ser o seu papel no parlamento.

Mostra que cargo parlamentar ou de gestão, não impede dialogar com as bases, representar as lutas populares. É exatamente o contrário. Quem é de esquerda e ocupa legitimamente algum cargo tem a obrigação de fortalecer os movimentos populares.

O cargo é um instrumento. Precisa ser um meio, nunca um fim em si.

Foi por reconhecimento a esse trabalho que ela foi a campeã de votos da Borborema.

Os desafios do seu novo mandato são muito maiores.

Fortalecer as lutas populares através de suas demandas imediatas. Combater intransigentemente o racismo, o machismo, a misoginia, a homofobia.

Unir as forças progressistas de Campina Grande em função de um projeto de cidade, inclusiva, com participação democrática e diálogo permanente com as pautas progressistas.

Enfrentar com sabedoria, sem sectarismo as oligarquias locais de direita e extrema direita.

Jô Oliveira agora tem papel estadual. Precisa ser fortalecida para influir nos rumos da política estadual.

Como sempre, Campina Grande, a terra de resistência, festas e poesia oferecerá ao estado sua força e rebeldia.

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