Scholz admite se submeter a uma moção de confiança na Alemanha

Ruptura na coalizão causou tensão interna no governo de Scholz. Impasse com liberais sobre o orçamento de 2025 foi estopim da crise política na maior economia da Europa

Foto: Sergey Guneev/Sputnik

O primeiro-ministro da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, admitiu neste domingo (10) a possibilidade de adiantar o voto de confiança no Parlamento do país para antes do Natal. A medida abriria caminho para eleições antecipadas depois de o colapso da colisão tripartita de Scholz.

O chanceler vinha sendo pressionado pela oposição, que lidera as pesquisas de intenção de voto, para antecipar os planos da base do governo, que pretendia apresentar o voto de confiança apenas em janeiro.

A maior economia da Europa ficou em desordem política na semana passada com o colapso da coligação de Scholz, após divergências sobre o orçamento de 2025.

A crise política chegou ao país depois que o primeiro-ministro demitiu o ministro das Finanças Christian Lindner, pertencente ao Partido Liberal (FDP, na sigla em alemão). Expoente da sigla, Lindner vinha se recusando elaborar o plano orçamentário com maior investimento público, estratégia fiscal escolhida pelo Partido Social-Democrara (SPD, na sigla em alemão) para alavancar o crescimento econômico.

“Não é problema nenhum para mim convocar um voto de confiança antes do Natal”, disse Scholz, em entrevista para a ARD. Scholz afirmou que um voto de confiança antes do Natal dependeria de Rolf Muetzenich, lider do SPD no Bundestag, e Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), da oposição, chegarem a um acordo sobre o momento propício.

A fala expressa um momento de recuo do governo de Scholz, que na semana passada falava em apresentar o voto de confiança apenas em janeiro.

Na Alemanha, o voto de confiança é um mecanismo constitucional que permite ao governo pedir uma renovação de apoio no Bundestag quando perde a maioria, geralmente em situações de crise política ou impasse legislativo. Caso o governo não consiga a aprovação do voto, ele pode ser forçado a renunciar ou convocar novas eleições.

Com a saída do Partido Liberal (FDP) da coalizão de Olaf Scholz, o governo perde uma parte significativa de sua base no Bundestag. Inicialmente, a coalizão de Scholz, composta pelo SPD, os Verdes e os FDP, tinha uma maioria absoluta no Parlamento com 416 (SPD possui 206 cadeiras; os Verdes têm 118; e o FDP conta com 92 deputados).

Com a saída do FDP, Scholz fica com 324 deputados, o que representa uma maioria relativa, mas não absoluta, já que o total de cadeiras no Bundestag é 736.

Dois líderes do Partido Verde, que partilham o poder no governo minoritário de Scholz, disseram ao jornal Bild que o voto de confiança deveria ser realizado em dezembro, pressionando o chanceler a recuar da decisão anterior de deixa-lo só para janeiro.

Autor