Trump diz que vai declarar emergência nacional para deportações em massa
Presidente eleito dos EUA confirmou informação em uma rede social nesta segunda (18). Durante a campanha, ele prometeu a maior deportação de imigrantes ilegais da história.
Publicado 19/11/2024 09:19 | Editado 19/11/2024 11:07
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda (18) que pretende declarar emergência nacional, permitindo a ele o uso da Guarda Nacional para implementar seu plano de deportação em massa. No país, a utilização da Guarda Nacional e das Forças Armadas no território nacional é estritamente regulada pela Constituição, leis federais e princípios jurídicos.
Trump respondeu a uma publicação na Truth Social, rede social que o bilionário criou para competir com o Twitter pré-Elon Musk, dizendo ser “verdade” sobre relatos de que a nova administração está preparando a declaração de emergência e planejando usar o orçamento militar para deportar os imigrantes.
O ativista de extrema direita Tom Fitton publicou na rede social, no início deste mês, que “estão chegando relatórios” de que Trump está “preparado para declarar uma emergência nacional e usará meios militares para reverter a invasão de Biden [como os republicanos chamam a imigração ilegal] através de um programa de deportação em massa”.
“Verdade”, respondeu o presidente eleito nas primeiras horas da segunda.
Trump prometeu iniciar as deportações em massa assim que assumir o cargo, no dia 20 de janeiro.
“No primeiro dia, lançarei o maior programa de deportação da história americana para deportar os criminosos”, disse durante um comício no Madison Square Garden, nos últimos dias da campanha. “Vou resgatar todas as cidades que foram invadidas e conquistadas, e colocaremos esses criminosos cruéis e sedentos de sangue na prisão, e depois expulsá-los do nosso país o mais rápido possível.”
O republicano já nomeou uma série de agentes políticos da linha dura da imigração para ocupar cargos-chave na Casa Branca. A governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, foi escolhida para ser secretária do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, conhecido como DHS, na sigla em inglês. O ex-diretor interino de Imigração e Alfândega dos EUA, Tom Homan, foi nomeado “czar da fronteira”.
Durante o primeiro governo Trump, Noem foi uma defensora vocal das políticas de fortalecimento das fronteiras. Publicamente, criticou a administração Biden por seu manejo da imigração, acusando o democrata de enfraquecer a segurança nacional.
Noem enviou tropas da Guarda Nacional de seu estado para a fronteira sul dos EUA em 2021, alegando a necessidade de enfrentar a “crise migratória”. A ação foi criticada, uma vez que o financiamento para o envio das tropas veio de doações privadas, levantando preocupações éticas.
O novo czar da fronteira Homan já expressou sua visão para as deportações em massa, dizendo que primeiro se concentrariam na expulsão de criminosos e ameaças à segurança nacional. Na segunda, Homan disse à Fox News que está indo para Mar-a-Lago, resort onde Trump mora, “para dar os retoques finais ao plano”.
Homan reiterou seu plano de aumentar as prisões, embora tenha notado que precisará de mais recursos para realizá-lo. “Então, já me perguntaram milhares de vezes, quantas pessoas você pode remover no primeiro ano? Bem, quantos agentes eu tenho?” ele disse. “Podemos trazer de volta os agentes que estão aposentados? Trazê-los de volta e recontratá-los?. Quantos ônibus eu tenho? Quanto dinheiro eu tenho para aviões?”
Durante um comício em Wisconsin, em setembro, Trump afirmou que deportar migrantes seria “uma história sangrenta”, uma retórica que gerou críticas de defensores dos imigrantes por dar a entender que seria um processo violento.
Trump disse à Time que não descartava a construção de novos campos de detenção para migrantes, mas afirmou que “não haveria tanta necessidade deles”, pois os migrantes seriam rapidamente removidos.
O vice-presidente eleito, JD Vance, disse em uma entrevista ao New York Times, publicada em outubro, que deportar 1 milhão de imigrantes por ano seria “razoável”.
Em 2023, Biden superou os números de deportações de Trump em qualquer ano, com um total de 468 mil migrantes sendo deportados para seus países de origem e está a caminho de números ainda maiores neste ano, informou a Reuters.