Trump defende “limpar” Gaza “realocando” palestinos em países vizinhos
Presidente aproveita brecha do cessar-fogo para lançar mão de tática cruel de expulsão dos palestinos de sua terra para o Egito e a Jordânia, de maneira que Israel possa ocupá-la de vez
Publicado 27/01/2025 15:44 | Editado 27/01/2025 16:22

Donald Trump segue a passos largos em sua escalada imperialista e atentatória aos direitos humanos. Em fina sintonia com os interesses de Israel em ocupar a Faixa de Gaza de maneira definitiva, o presidente estadunidense disse que era preciso “limpar” a região, indicando que a população local deveria ser enviada a países vizinhos, como a Jordânia e o Egito.
“Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas, e simplesmente limparemos tudo isso”, declarou Trump, apontando Gaza como um “local de demolição”. Também afirmou que a medida poderia ser “temporária ou de longo prazo”.
Ainda de acordo com agências de notícias, Trump afirmou que teria conversado com o rei Abdullah II, da Jordânia, e que falaria também com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi a respeito. “Gostaria de ver o Egito acolher pessoas e gostaria de ver a Jordânia acolher pessoas”, opinou.
Leia também: Israel amplia ofensiva na Cisjordânia para satisfazer extrema direita
Da parte de Israel, claro, a notícia foi recebida com entusiasmo. “A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia”, disse Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel.
A iniciativa é mais uma que busca roubar o território palestino e entregá-lo a Israel, como o país tem feito há décadas ao ocupar essas terras por meio de ataques e conflitos ou pela instalação de colonos israelenses em áreas palestinas.
Para o grupo palestino Jihad Islâmica, aliado do Hamas, a proposta incentiva “crimes de guerra e crimes contra a humanidade ao forçar nosso povo a deixar sua terra”.
Pelas redes sociais, a Federação Árabe Palestina classificou a proposta de Trump de como uma “limpeza étnica” escandalosa. Além disso, lembrou que as declarações “ecoam um memorando produzido pelo Instituto Misgav, uma consultoria israelense ligada a Netanyahu, e vazado em outubro de 2023 que apresentava uma ‘oportunidade única e rara’ de ‘realocação definitiva de toda a população de Gaza’ para o Egito. O plano envolvia a injeção massiva de capital na economia egípcia e, em contrapartida, o país receberia 2,3 milhões de palestinos de Gaza de forma definitiva”.
A fala de Trump ocorre num momento estratégico, quando transcorre a segunda semana de trégua firmada entre Israel e Hamas no dia 19, a primeira desde que os conflitos tiveram início em outubro de 2023.
Em meio às negociações, organismos internacionais e autoridades locais traçam planos para o necessário e urgente atendimento aos refugiados e para a reconstrução da área, destruída pelas forças israelenses, para que os palestinos possam retomar suas vidas.
Ao que parece, o presidente estadunidense tenta aproveitar esse interregno para fazer valer seus interesses e os dos sionistas, que almejam a ocupação total da Faixa de Gaza.
Na madrugada desta segunda-feira (27), após novo impasse, finalmente Israel autorizou o retorno de milhares de pessoas ao Norte de Gaza, como parte do acordo de cessar-fogo.
Imagens impressionantes de multidões de palestinos voltando à sua região, a maioria andando a pé com os poucos pertences que conseguiu guardar, explicitaram o alcance da cruel política sionista de expansão e expulsão dos palestinos.