Coreia do Norte critica Marco Rubio e reafirma autonomia sobre programa nuclear
Pyongyang critica classificação de “Estado desonesto” e mostra desinteresse em negociações com os EUA
Publicado 03/02/2025 14:27 | Editado 05/02/2025 07:51

A Coreia do Norte criticou duramente o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, após ele classificar o país como um “Estado desonesto”. Em uma declaração divulgada pela mídia estatal nesta segunda-feira (3), um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano afirmou que os “comentários grosseiros e sem sentido” de Rubio apenas confirmam a hostilidade inalterada dos EUA em relação à República Popular Democrática da Coreia (RPDC).
“Os comentários de Rubio apenas mostram diretamente a visão incorreta da nova administração dos EUA sobre a RPDC”, disse o porta-voz, reforçando que os comentários de Rubio não contribuem para os interesses dos Estados Unidos.
A reação de Pyongyang é a primeira crítica direta ao governo Donald Trump, demonstrando que o regime de Kim Jong Un não está disposto a renunciar à autonomia sobre seus programas nucleares, apesar dos recentes acenos do presidente norte-americano.
Divergências na diplomacia
Marco Rubio, senador republicano e membro influente do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA, fez a declaração sobre a Coreia do Norte em uma entrevista concedida na quinta-feira (29) à apresentadora Megyn Kelly, na SiriusXM. Ele também incluiu o Irã na lista de “Estados desonestos”. Embora essa classificação seja comum no discurso de autoridades americanas, a polêmica se intensificou após Trump ter se referido à Coreia do Norte como uma “potência nuclear” no mês passado. Tal expressão contraria a política histórica dos EUA de evitar qualquer reconhecimento implícito do status nuclear de Pyongyang.
Trump se encontrou três vezes com Kim durante seu primeiro mandato, tornando-se o primeiro presidente dos EUA em exercício a realizar uma cúpula com um líder norte-coreano. O chefe da Casa Branca sempre manteve um discurso ambíguo sobre o regime norte-coreano. Ele já descreveu Kim como um “cara inteligente” e recentemente reiterou seu interesse em retomar o diálogo com o líder asiático.
Avanços militares norte-coreanos
Apesar dos gestos de Trump, a Coreia do Norte continua reforçando suas capacidades militares. Na semana passada, Kim Jong Un inspecionou uma instalação de produção de material nuclear e pediu a ampliação das capacidades de combate nuclear do país. Segundo a mídia estatal norte-coreana, já houve três exibições de armamentos em 2025, incluindo mísseis balísticos de curto alcance, um novo míssil hipersônico de alcance intermediário e mísseis de cruzeiro estratégicos.
A prioridade de Kim parece ser um número estimado de 10 mil a 12 mil soldados norte-coreanos enviados para dar suporte aos esforços de guerra de três anos da Rússia contra a Ucrânia, a primeira grande participação do Norte em uma guerra estrangeira. A Coreia do Norte também forneceu uma vasta quantidade de artilharia e outras armas convencionais para a Rússia.
Em troca, a Coreia do Norte parece estar recebendo assistência econômica e militar da Rússia. Em junho passado, Kim e o presidente russo Vladimir Putin assinaram um pacto histórico prometendo assistência militar mútua se qualquer um dos países for atacado. Seul, Washington e seus parceiros temem que Putin possa dar a Kim tecnologias sofisticadas que podem aumentar seus programas de mísseis nucleares.