Brasil avança no IDH global e ganha fôlego para reduzir desigualdades

Com melhora em renda e saúde, país passou de 89ª para 84ª posição e tem chance de enfrentar estagnação na educação e desigualdades regionais

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O Brasil ganhou destaque no relatório de Desenvolvimento Humano ao subir cinco posições no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), alcançando agora o 84º lugar com índice de 0,786 — considerado alto. O avanço, comparado a 2022, representa um crescimento de 0,77% e reforça uma trajetória positiva que, desde 1990, registra um aumento médio anual de 0,62%.

Segundo o relatório de Desenvolvimento Humano 2025, divulgado nesta terça-feira (6) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), essa melhora se deve principalmente ao aumento da renda nacional bruta per capita e à recuperação nos indicadores de saúde, com a expectativa de vida voltando a crescer após os impactos da pandemia de Covid-19.

Apesar do avanço, o desempenho brasileiro na área de educação continua estagnado. O tempo médio de estudo da população permanece abaixo da média dos países com IDH alto, o que ajuda a explicar por que o Brasil ainda não figura entre os mais bem colocados do mundo. Na comparação com a América Latina e Caribe, o país ocupa uma posição intermediária, atrás de Chile (IDH 0,855), Argentina (0,849) e Uruguai (0,809), mas à frente de Paraguai (0,728), Bolívia (0,693) e Venezuela (0,691). Além disso, o relatório alerta para as fortes desigualdades internas: o IDH municipal varia muito entre as regiões brasileiras, evidenciando disparidades de acesso à saúde, educação e renda dentro do próprio território.

Para Pedro Conceição, coordenador do relatório, há dois pontos preocupantes. “Primeiro é o fato de que estamos progredindo de forma mais lenta. Na verdade, é o progresso mais lento na história, se não considerarmos o período de declínio do IDH [devido à pandemia de covid-19]”. Ele alerta que, caso o ritmo anterior a 2020 fosse mantido, o mundo atingiria índices muito altos até 2030, mas agora isso foi adiado por décadas. O segundo problema, segundo Conceição, é que os países com baixo IDH continuam para trás pelo quarto ano consecutivo, rompendo uma tendência de décadas de convergência global.

Pontuação e outros dados

O Brasil está no grupo de 49 países com desenvolvimento humano alto (IDH entre 0,700 e 0,799). Os líderes mundiais são Islândia (0,972), Suíça e Noruega, enquanto o Sudão do Sul ocupa a última posição (0,388). O IDH médio mundial subiu para 0,756 em 2023, um aumento de 0,53%.

Contudo, ao ajustar o IDH pela desigualdade social, o Brasil desce para 0,594, ocupando apenas a 105ª posição global e sendo reclassificado como país de IDH médio. No comparativo entre gêneros, as mulheres brasileiras apresentam IDH ligeiramente superior (0,785) ao dos homens (0,783), com melhores resultados em expectativa de vida e escolaridade, mas menor PIB per capita. Já no IDH ajustado pela pegada de carbono, o Brasil marca 0,702, ocupando a 77ª colocação mundial.

IA – Inteligência artificial

O tema deste ano do relatório é a inteligência artificial, destacada pelo administrador do Pnud, Achim Steiner, como uma ferramenta que deve ser usada para fortalecer o desenvolvimento humano: “Nossa capacidade de explorar essa nova fronteira exige cooperação internacional, garantindo que possamos prosperar juntos e enfrentar os riscos do futuro”. Ele defende que a IA pode aumentar a engenhosidade, diversidade, imaginação e empreendedorismo humanos, mas isso exige cooperação internacional, especialmente dos países mais ricos.

Segundo Steiner, é essencial garantir que a inteligência artificial “nos dará, como seres humanos, a oportunidade de aumentar nossa engenhosidade, nossa diversidade, nossa imaginação, nosso empreendedorismo e, acima de tudo, uma confiança de que, no século XXI, podemos nos desenvolver e prosperar juntos, ao mesmo tempo em que enfrentamos os riscos para o nosso futuro juntos”.

Confira a integra do relatório (em inglês) aqui.

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com agências

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