Paraguai: soldados americanos são acusados de matar camponeses
Representantes de grupos camponeses do Paraguai têm vindo a público nas últimas semanas para fazer uma importante denúncia: soldados norte-americanos e grupos especiais de paramilitares seriam os responsáveis pelo desaparecimento de mais de 30 trabalhador
Publicado 17/07/2006 15:14
'Em menos de três meses houve mais de 30 desaparições, além de algumas mortes, sempre com o envolvimento dos latifundiários de cada região', afirmou Telám Nicolas Barreto, membro do Movimento dos Camponeses Paraguaio (MCP).
Para Barreto, trata-se de um tema que merece ser divulgado para todo o mundo, pois os latifundiários têm contado com o apoio de milhares de soldados norte-americanos no interior do país. 'Nos parece incrível que se possa fazer tanto silêncio sobre esse tema, pois nosso Parlamento já deu imunidade a nada menos do que 16 mil soldados. Para se ter uma dimensão do que é isso, basta lembrarmos que o exército paraguaio, incluindo seus aposentados, possui 14 mil homens', afirmou.
Ocupação
Desde 2004, os Estados Unidos vêm tentando obter a imunidade para seus soldados no Paraguai. Apesar disso, os governo norte-americano afirma que não pretende estabelecer uma base no país.
Para Orlando Castillo, do Serviço de Paz e Justiça do Paraguai (Serpaj), o raciocínio norte-americano é exatamente o oposto. 'Eles têm fortes aspirações de transformar o Paraguai em outro Panamá para suas tropas. Infelizmente eles não estão longe de controlar o Cone Sul e começar de verdade uma guerra contra a Colômbia', disse.
Diante das denúncias dos camponeses, a embaixada dos Estados Unidos no Paraguai se limita a explicar que 'não estão entre os planos norte-americanos estabelecer uma base militar no país' e que 'os soldados têm prestado assistência humanitária e médica para comunidades pobres, assim como treinamento militar'.