Com novo ministro, Bolívia fala em negociação mais técnica
Com a saída do controvertido ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, na última sexta-feira (15/9), funcionários do governo boliviano admitiram que o processo de nacionalização tende a assumir uma perspectiva mais “técnica e ampla” na negociação c
Publicado 18/09/2006 11:39
Em entrevistas em separado ao jornal boliviano “La Prensa”, os vice-ministros de Exploração, Guillermo Aruquipa, e de Comercialização, Williams Donaire, disseram no sábado esperar que a posse do mais moderado ministro Carlos Villegas no lugar de Soliz Rada traga uma visão especializada às negociações em andamento para a assinatura de novos contratos com as empresas petroleiras.
Para os dois, Soliz Rada deu um caráter mais político às negociações. Crítico histórico da Petrobras e dos acordos com o Brasil (foi contra, por exemplo, a construção do gasoduto), o ex-ministro fazia acusações públicas quase semanais contra a empresa brasileira. Com isso, as negociações entre as duas partes em torno da nacionalização estão paradas há mais de dois meses.
A Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos (CBH), que reúne as principais empresas dos setor, informou que espera que Villegas acompanhe os planos para o desenvolvimento do setor, algo que, na avaliação da entidade, Soliz Rada não permitiu que ocorresse.
Prioridades
Em declarações divulgadas pela agência oficial de notícias boliviana, Villegas disse que a prioridade do processo da agenda para o cumprimento do decreto de nacionalização será a assinatura de novos contratos de exploração com as multinacionais. Ao todo, são cerca de 70 novos contratos, a serem negociados com dez empresas, entre as quais a Petrobras.
“Haverá continuidade no processo de nacionalização, e, em primeiro lugar, devemos estabelecer acordos sobre novos contratos. Para isso, se respeitará o cronograma da rodada de negociações com as petroleiras até 9 de outubro”, disse Villegas, segundo a agência.
As negociações sobre os novos contratos serão retomadas hoje com a Andina, filial da empresa hispano-argentina Repsol. Ao longo da semana, haverá encontros com a francesa Total e a britânica British Gas.
De acordo com o decreto de nacionalização, assinado em 1º de maio e que transforma as empresas do setor em prestadoras de serviço para a YPFB, a estatal boliviana, os novos contratos têm de ser assinados até 1º de novembro, o que dificilmente será cumprido.
Caso o prazo seja estendido, se repetirá o mesmo problema do ano passado, quando, em maio, foi aprovada a nova Lei de Hidrocarbonetos, na qual já se previa a assinatura de novos contratos em 180 dias com as multinacionais.