Comunistas da CSC promovem curso e fazem balanço sindical

Por Osvaldo Bertolino
Durante uma semana, dirigentes sindicais comunistas de vários estados debateram um amplo leque de questões trabalhistas e partidárias. Além do curso, fizeram um balanço das atividades da CSC e da construção partidária entre os tra

Cumprindo decisão da Coordenação Nacional da Corrente Sindical Classista (CSC), aprovada em reunião realizada no dia 6 de dezembro de 2006 em Brasília, 38 ativistas da frente sindical do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) participam de um curso de formação, na colônia de férias do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), na cidade de Praia Grande (SP).


 


Seguido de um balanço das atividades desenvolvidas no período recente e do debate sobre o projeto de construção partidária entre os trabalhadores, o “Curso de Formação para Lideranças Nacionais da CSC e para Secretários Sindicais do PCdoB” começou segunda-feira (5/02) e termina nesta sexta-feira (9).


 


José Carlos Ruy, editor do jornal A Classe Operária, abordou o tema “A centralidade do Trabalho”. Bernardo Jofilly, editor do Vermelho, falou sobre “A Formação do Proletariado no Brasil”. Giovanni Alves, professor e escritor, analisou “A Crise do Sindicalismo no Brasil: fatores objetivos e subjetivos”.


 


Altamiro Borges, secretário nacional de Comunicação do PCdoB e editor da revista Debate Sindical, discorreu sobre “A Crise do Sindicalismo no Brasil e como Superá-la”. Madalena Guasco, professora e filósofa, falou sobre “A Relação Governo, Estado e Sindicato”. E Umberto Martins, jornalista e membro da coordenação nacional da CSC, finalizou o curso com o tema “O Projeto Nacional de Desenvolvimento com Valorização do Trabalho”.


 


Bancada comunista
A segunda parte do evento começou na quinta-feira (8) com o coordenador nacional da CSC e secretário sindical do Comitê Central do PCdoB, João Batista Lemos, fazendo uma explanação sobre as diretrizes da CSC aprovadas no 6º Encontro Nacional realizado em abril de 2006, em Aracaju (SE), situadas no momento político brasileiro. Para ele, a primeira diretriz, que indicava a preparação para a disputa eleitoral de 2006, foi cumprida com o resultado positivo das eleições quase gerais que reconduziram Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.


 


A meta de atingir 20% de participação no 9º Congresso da Central Única os Trabalhadores (CUT), também foi vitoriosa. Batista discorreu sobre as demais diretrizes, de alcance mais longo, enfatizando que questões como a defesa da plataforma democrática da CUT, a recomposição do papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico, a recuperação da massa salarial, a inclusão previdenciária e a elaboração de uma pauta classista a ser defendida em conjunto com a bancada comunista no Congresso Nacional são prioritárias para a atual conjuntura.


 


Segundo Batista, o apoio da CSC ao governo Lula deve ser efetivo, mas com independência e autonomia. Para ele, esse apoio efetivo inclui a firme defesa de um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho. “A independência e a autonomia são importantes para demarcarmos o nosso campo político”, diz ele. “Certas medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, precisam ser mais debatidas”, afirma o coordenador da CSC.


 


Esse ponto foi o que mais mereceu atenção durante o debate e foi aprovado por unanimidade. O apoio crítico ao PAC, como decidiu a reunião, implica em ressalvar aspectos como o congelamento salarial dos servidores públicos e a inclusão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações que podem se voltar contra os trabalhadores.


 


“Há uma polêmica, inclusive dentro da CUT, que opõe os que defendem o uso de recursos do FGTS também para investimentos em ações de empresas em geral e os que acham que o dinheiro dos trabalhadores no máximo deve ser usado nos fundos de investimentos previstos no PAC”, diz Wagner Gomes, da coordenação nacional da CSC e vice-presidente da CUT. Essa questão também foi aprovada pela CSC, com a indicação de que o assunto deve ser debatido nos estados. Outra questão aprovada foi a diretriz que indica a intensificação da luta pela democracia interna e autonomia da CUT.


 


Fora, Meirelles!
Os dirigentes classistas também aprovaram um documento intitulado “Fora Meirelles, Contra a Autonomia do Banco Central (BC)!”, com críticas à atuação do Comitê de Política Monetária (Copom), que logo em seguida ao anúncio do PAC reduziu o ritmo da queda da taxa de juros Selic.


 


“Tal atitude, que vai consolidando na prática a autonomia do BC, foi interpretada por amplos setores da sociedade como uma ducha de água fria no projeto governamental”, diz o texto, que ressalta a “justa indignação” dos representantes dos movimentos sociais. “Embora na contramão dos interesses nacionais, os juros altos correspondem aos interesses de um pequeno, mas poderoso, grupo de grandes capitalistas estrangeiros e nacionais, detentores de títulos (da dívida pública) que são remunerados com base na taxa ditada pelo BC”, afirma o documento.


 


Para a CSC, um modelo de desenvolvimento nacional e em defesa da aceleração do crescimento, ao lado de mudanças mais corajosas na política econômica, passa pela demissão de Henrique Meirelles da presidência do BC. Passa, também, pela ampliação da representação da sociedade no Copom – hoje uma instância dominada pelo mercado financeiro.


 


Encerrando o evento, Marcelo Cardia, membro da Comissão Sindical Nacional do PCdoB, apresentou um balanço da construção partidária entre os trabalhadores. “As secretarias sindicais devem, mais do que atuar para fortalecer a CSC, atentar para duas questões fundamentais: inserir corretamente os comunistas na estrutura sindical e inserir corretamente os sindicalistas na luta política do Partido”, diz Cardia.


 


Ele lembrou que o 6º Plano de Estruturação Partidária (PEP) apresenta como desafio aos comunistas sindicalistas a superação dos limites das ações espontâneas e formar quadros para que o partido cumpra o objetivo de ser um representante político de massas. Cardia lembra que as condições para isso estão dadas. Ele cita como exemplo a representação sindical no 11º Congresso do Partido, que chegou a 26%. “Se alargamos o conceito para a origem da militância proletária dos delegados, chegamos a 30%”, ressalta ele.


 


Como tarefa imediata, afirma Cardia, cabe aos militantes comunistas sindicais uma ampla mobilização para as conferências que estão começando. Os sindicalistas comunistas também realizaram um abaixo-assinado manifestando veemente protesto à prisão do professor Marcelo Buzetto, membro do MST perseguido por sua atuação no movimento social. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, encerra o evento nesta sexta-feira (9) abordando o tema “A Evolução Tática do PCdoB”.