Sindicato do MA denuncia onda de demissões em banco privatizado
Cerca de dois funcionários são demitidos por semana. Desde quando o Bradesco comprou o BEM, há três anos, já houve mais de 300 demissões.
Publicado 10/02/2007 23:22
Hoje faz três anos que o Banco do Estado do Maranhão (BEM) foi privatizado. Para o Sindicato dos Bancários do Maranhão, a venda do Banco teve conseqüências drásticas tanto para os bancários quanto para a sociedade em geral. Demissões, má qualidade no atendimento e empobrecimento do Estado são alguns dos principais pontos que, segundo o Sindicato, fazem da privatização, um erro irreparável do governo Roseana Sarney.
Segundo a secretária geral do Sindicato dos Bancários, Rosário Braga, o Bradesco (Banco que comprou o BEM) continua fazendo demissões semanalmente, pressionando funcionários a vender produtos, sob pena de demissão; prestando serviço de má qualidade e cobrando taxas bancárias ilegalmente. “O BEM tinha dois mil funcionários. Quando foi vendido para o Bradesco, já estava com apenas 473 empregados. Hoje funciona com apenas 151 bancários, com o agravante de que toda semana há uma demissão. Ontem mesmo, dois funcionários foram demitidos”, denunciou Rosário Braga.
Pressão – De acordo com Rosário Braga, que também é funcionária do Bradesco, o banco vem pressionando psicologicamente os funcionários, e muitos já estão, inclusive, com problemas emocionais – o que está ocasionando abatimento e falta de motivação no trabalho. “Nesse caso, se mesmo com problemas, o funcionário pede licença trabalhista, o banco já o inclui na lista de demitidos. Então, está um clima estressante no Bradesco. A cada hora o banco cria algo para motivar a demissão do funcionário. Dessa vez eles estipularam um sistema de multas que funciona da seguinte forma: é dada aos bancários uma certa quantidade de produtos que devem ser vendidos aos clientes. Se o funcionário não cumprir a meta programada, o banco ironiza dizendo que isso é motivo para demissão”, contou a secretária geral do Sindicato dos Bancários.
Atendimento
Outro problema denunciado pelo Sindicato é o atendimento de má qualidade. Segundo Rosário Braga, o sistema operacional do Bradesco é mais lento que o do antigo BEM e mais complicado de lidar. Além disso, o cliente, segundo Rosário, estaria pagando uma taxa de manutenção de conta ativa, no valor de R$ 0,90 (noventa centavos), sendo que o Estado já paga essa taxa ao banco.
“O governo precisa investigar esses abusos e ver se realmente o Bradesco vem atendendo às necessidades da população. Se não, a melhor coisa a fazer seria mudar os investimentos para bancos como o Basa, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil ou Banco do Nordeste, que têm como fazer investimentos no Maranhão. O Bradesco só empobrece o Maranhão. Tira do nosso Estado e leva para fora. Nem em agricultura, que é um dos nossos principais progressos, o Bradesco investe”, avaliou Rosário Braga.
“Além do mais, o governo não é obrigado a ficar dez anos com esse contrato do Bradesco. Se ele preferir, pode perfeitamente acabar o contrato e mudar para os bancos públicos. Agora, mesmo que o governo não aja dessa forma, é necessária uma investigação de tudo que vem acontecendo no Bradesco”, completou.
Segundo Rosário Braga, para lembrar a data da privatização do BEM, o Sindicato dos Bancários ainda não tem uma programação concluída, devendo acontecer algum ato de manifestação somente no próximo mês.
Fonte: Jornal Pequeno