China fixa ambiciosas metas de bem-restar do povo para 2050
Aumento zero na degradação ambiental e expectativa de vida de 85 anos. Estas são algumas das metas do Programa geral de desenvolvimento da China, com metas para a data estratégica de 2050. O texto, divulgado neste domingo (11), é visto como a pri
Publicado 13/02/2007 21:22
A meta central para 2050 é alcançar o nível de desenvolvimento sustentado de um país medianamente desenvolvido, o que representa um imenso desafio para uma nação com 1,3 bilhão de habitantes. Muitos dos objetivos estão diretamente relacionados com as condições de vida dos chineses comuns. Por exemplo, o Programa prevê uma expectativa de vida de 85,2 anos; atualmente, o país com expectativa de vida mais elevada é o Japão: 81,25 anos. A China figura hoje em 98º lugar no ranking, com 72,58 anos, um pouco acima do Brasil, que é o 107º, com 71,97 anos.
Distribuição de renda e desenvolvimento humano
A meta para o coeficiente de Gini, que mede a concentração de renda, é atingir 0,35 a 0,40. Hoje o índice chinês é mais elevado (o que indica uma maior desigualdade), 0,44, embora abaixo, por exemplo, dos Estados Unidos (0,45) e bem abaixo do Brasil (0,57).
Já o IDH (índice de desenvolvimento humano, uma referência de bem-estar social recentemente estabelecido pela ONU) pretende atingir 0,900 em 2050. Hoje o IDH mais elevado é o da Noruega (0,965), enquanto Portugal, 28º colocado, tem 0,904; o IDH médio do mundo é 0,800; o Brasil figura em 69º lugar (0,792) e a China em 81º (0,768).
O Programa tem também uma meta para o tempo médio de escolaridade dos chineses. Elevá-lo dos 8,2 anos atuais para 14 anos.
Objetivos ambientalistas
Uma parte importante do planejamento estratégico se relaciona com o meio ambiente. O texto formula uma sucessão escalonada de três objetivos de “aumento zero”: até 2030, aumento zero no crescimento da população (que hoje é de 0,59% ao ano); em 2040, aumento zero no consumo de energia e recursos naturais; e em 2050 aumento zero na degradação do entorno ecolõgico chinês.
Niu Wenyuan, o cientista que coordenou o projeto, assinala que o objetivo mais importante para permitir o sucesso dos demais é o crescimento zero da população. Atualmente muitos países desenvolvidos estabilizaram suas populações, como a Alemanha (crescimento de -0,02% em 2006) e a Itália (0,04% em 2006). Na China, dado o tamanho da população, este alvo é decisivo.
Outra área do Programa estabelece um calendário de modernização das regiões chinesas, de modo a alcançar o patamar dos países de desenvolvimento mediano. Xangai deve ser a primeira província a alcançar este nível, em 2015. Pequim o fará em 2018. Outras 13 províncias e municípios sob administração central também anteciparão a data. Até 2050, a China no seu conjunto alcançará o nível dos países médios. Outras 27 regiões têm previsão para 2060, enquanto as áreas mais atrasadas o farão em 2075.
O Programa geral de desenvolvimento da China foi elaborado por 184 especialistas em desenvolvimento sustentável da China, em dois anos e oito meses de trabalho. A íntegra do documento acha-se em 20 volumes, com 13,5 milhões de caracteres chineses. O conteúdo subdivide-se em população,recursos naturais, meio ambiente, economia, sociedade, ciência e tecnologia, educação, cultura, catástrofes naturais, eliminação da pobreza e capacidade de desenvolvimento sustentado.