MST critica produção bioenergética e parceria com Bush
Manifesto divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) acusa o modelo de produção bioenergética do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se sustentar na ''apropriação de territórios, de bens naturais, de
Publicado 28/02/2007 20:43
Também acusa os Estados Unidos de quererem firmar uma parceria bioenergética com o Brasil, a ser formalizada na visita do presidente George W. Bush ao País, para enfraquecer as relações brasileiras com Venezuela e Bolívia, países exportadores de combustíveis fósseis.
Segundo o manifesto, as bases da produção de biodiesel são grandes propriedades de monoculturas, principalmente de cana-de-açúcar, o que desfavorece a produção de alimentos e coloca em risco a soberania alimentar brasileira. ''Não podemos manter os tanques cheios e as barrigas vazias'', diz o texto.
O documento é resultado de um seminário sobre a exploração da indústria da cana na América Latina promovido pela Via Campesina, no quais estiveram presentes representantes do Brasil, Bolívia, Costa Rica, Colômbia, Guatemala e República Dominicana, realizado em São Paulo nos dias 26 e 27 de fevereiro.
O manifesto critica especialmente a cultura da cana, que serviu historicamente ''para a manutenção do colonialismo e estruturação das classes dominantes''.
''Aproveitando-se da legítima preocupação da opinião pública internacional com o aquecimento global, grandes empresas agrícolas, de biotecnologia, petroleiras e automotivas percebem que os biocombustível representam uma fonte importante de acumulação de capital. A biomassa é apresentada falsamente como nova matriz energética, cujo princípio é a energia renovável'', critica.
Inquérito criminal
O Ministério Público recebeu nesta quarta uma representação para abertura de inquérito criminal contra o MST e a CUT, para investigar as ocupações de terras ocorridas no Pontal do Paranapanema e Alta Paulista, no dia 19 de fevereiro. O autor da representação é o deputado estadual Campos Machado, líder do PTB na Assembléia Legislativa de São Paulo.
O MST tem organizado uma série de protestos em todo o País. Só no oeste e noroeste de São Paulo na última semana, sem-terra e agricultores promoveram quase 15 ocupações. Em Minas Gerais, durante ação em fazenda no norte de Minas Gerais na segunda-feira, 26, dois integrantes do movimento foram baleados.
MST ocupa prefeitura de Mucuri, na Bahia
No início da tarde desta quarta-feira (28) cerca de 700 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), assentados em áreas do extremo sul baiano, ocuparam a prefeitura de Mucuri, a 904 quilômetros de Salvador. A Polícia Militar acompanhou a ação, mas até o início da noite não havia tentado tirar os manifestantes do imóvel.
Os representantes do MST alegam que tomaram a atitude para cobrar promessas de desapropriação de terras na região, feitas pelo Incra, e de melhorias nas escolas e nos hospitais da região, feitas pela prefeitura. Eles afirmam que não vão sair do local até que sejam iniciadas negociações com a administração municipal. Os representantes da prefeitura não foram localizados.