Artigo: O PCdoB e os intelectuais
Antonio Capistrano *
A presença de intelectuais nos quadros do partido comunista em todo o mundo sempre foi muito grande. Escritores e artistas de renome internacional sempre militaram nas fileiras dos Partidos Comunistas. Aqui no Brasil,
Publicado 30/03/2007 12:46 | Editado 04/03/2020 17:08
Na fundação do Partido Comunista do Brasil, no dia 25 de março de 1922, portanto, há 85 anos, vamos encontrar um grupo de operários e intelectuais como protagonistas desde fato histórico marcante da vida política do nosso país: Astrojildo Pereira; Joaquim Barbosa; Cristiano Cordeiro; Abílio de Neguete; Hermogêneo Silva; Luis Peres; Manuel e José Elias da Silva. Este grupo influenciado pela Revolução Russa de 1917, pelo crescimento do marxismo nas lutas da classe operário fundam o PC no Brasil, fato ocorrido durante o congresso comunista realizado no Rio de Janeiro nos dias 25, 26 e 27 de março de 1922.
A década de 20 é uma década de uma fertilidade cultural e política intensa no mundo e, claro, no nosso país, só comparada com a década de sessenta. Aqui temos a Semana de Arte Moderna, a Fundação do Partido Comunista, o Movimento Tenentista, o surgimento do regionalista na literatura, a crise permanente do governo Artur Bernardes, finaliza com a Revolução de 1930.
Nesse período, nas décadas de 30 e 40 do século passado, são filiados ou simpatizantes do PCdoB, figuras do naipe de um Jorge Amado; Graciliano Ramos; José Lins do Rego; Raquel de Queiroz; Cândido Portinari; Leôncio Basbaum; Di Cavalcanti; Heitor Ferreira Lima; Fernando Lacerda; Carlos Lacerda; Agildo Barata; Otavio Brandão; Ana Montenegro; Carlos Marighella; Monteiro Lobato; Mário Lago; Caio Prado Júnior; Eneida de Moraes, Djanira; Mário Alves; Moacir Werneck de Castro; Mário Schemberg; Carlos Scliar; Oscar Niemeyer; Alberto Passos Guimarães; Dias Gomes; Juracy Camargo; Oduvaldo Vianna, pai e filho e, tantos outros intelectuais espalhado por esse imenso país.
Com a redemocratização e a constituinte de 1946, os comunistas vão ter um papel importante no cenário político, intelectual e cultural do nosso país, elege 16 constituintes, inclusive, um senador, Luiz Carlos Prestes. Cândido Portinari disputa o senado por São Paulo e Jorge Amado é eleito deputado federal. Nessas eleições vamos ter aqui a presença de intelectuais de outros países que vem trazer o seu apoio aos comunistas brasileiros, uma dessas figuras foi a do poeta e membro do Partido Comunista Chileno, Pablo Neruda, que foi depois eleito senador pelo Chile e escolhido Prêmio Nobel da Literatura.
Nas décadas de 50 e 60 vamos ter uma geração que revoluciona as artes, geração essa ligada ao Partido Comunista. Havia um fervor revolucionário em todo o mundo: a turma da bossa nova, do cinema novo, da nova dramaturgia brsileira, da arte nas ruas, do CPC, da UNE, das experiências de alfabetização de adultos de Paulo Freire e da Campanha do prefeito Djalma Maranhão, De Pé No Chão Também Se Aprende A Ler. O Partido Comunista do Brasil presente em todos esses movimentos, uma bela história, uma história de luta, que precisa ser resgatada, valorizada e conhecida pela nossa juventude.
Antonio Capistrano, é do Partido Comunista desde 1960, ex-reitor da Universidade Estadual do RN, ex-vice-prefeito de Mossoró; Dirigente Estadual do PCdoB.