Deputadas querem mais mulheres no poder

Após o encerramento do ato comemorativo aos 85 anos do PCdoB, as deputadas federais Jô Moraes (PCdoB-MG) e Luciana Genro (PSOL-RS) concederam uma rápida entrevista ao Vermelho-SP. Confira a opinião das parlamentares sobre a luta p

Vermelho-SP: Deputada, como a senhora avalia o atual estágio da luta emancipacionista das mulheres?


 



Jô Moraes – Nós já estamos na hora da metade da humanidade ocupar seus espaços de poder. A sociedade muda, a mulher contribui, participa, trabalha, ocupa espaços; inclusive empresariais. Mas, nas instâncias de poder a mulher ainda está pouco representada. Nós consideramos que não existe avanço se a sensibilidade, que é própria da mulher, não estiver presente em todos os espaços. Por isso que nós, agora, sob a orientação e o estímulo da primeira Conferência sobre a questão da Mulher do PCdoB, sabemos que podemos alçar vôos maiores porque o espaço aéreo está para nós e não para os apagões da vida.



Luciana Genro – As mulheres tiveram grandes avanços na luta pela igualdade. A conquista da igualdade formal, da igualdade legal, foi uma das vitórias mais importantes. Mas, a igualdade na prática ainda está muito distante. É por isso que é muito importante que as mulheres continuem se organizando, continuem lutando e continuem atuando de forma forte dentro dos partidos.


 


 


 


Vermelho-SP: Deputada, a representação feminina nos parlamentos ainda não expressa o papel que a mulher assumiu na sociedade. Como a senhora analisa essa questão?


 



– Nós já ocupamos muitos espaços no mercado de trabalho. Somos mais de 45% da força de trabalho. Já ocupamos espaços de juiz de futebol, aviadora. O que nos falta são espaços de poder. Essa é uma batalha grande que estamos procurando realizar inclusive com medidas legais, como a punição aos partidos que não cumprirem as cotas estabelecidas por lei.


 



Luciana – Nossa representação parlamentar ainda está muito aquém da nossa representação na sociedade. Mas isso tem uma explicação muito lógica que é a existência de uma cultura que coloca o espaço da mulher como o espaço privado e não o espaço público. Que ela tem responsabilidades maiores dentro do espaço privado do que o homem; no cuidar dos filhos, no cuidar da casa. Um preconceito também que existe numa grande parcela dos homens em relação à participação política da mulher. Homens que não deixam – entre aspas – as suas companheiras, esposas, namoradas, sair à noite para ir a reuniões porque elas têm que estar em casa com os filhos, fazendo a janta, agradando o marido. Esse problema cultural é real e ainda é um obstáculo muito grande à participação política da mulher.


 


De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.