Morre Dona Julieta Petit, heroína do povo brasileiro
Faleceu nesta terça-feira, dia 16 de abril, a senhora Julieta Petit da Silva, mãe dos militantes comunistas Jaime Petit da Silva, Lúcio Petit da Silva e Maria Lúcia Petit da Silva, mortos na Guerrilha do Araguaia. Dona Julieta tinha 87 anos e sofreu um ac
Publicado 17/04/2007 12:04
Em nota assinada pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo diz que “a senhora Julieta nos legou o exemplo de uma vida digna e corajosa. Ela soube encontrar forças para enfrentar a pujante dor da perda trágica de três filhos amados e sempre defendeu a honra e a memória deles”. O dirigente lembrou ainda que “no dia 12 de abril do ano passado, quando teve seu processo de reparação julgado na Comissão de Anistia, a senhora Julieta recebeu justa homenagem daquela comissão e também da direção de nosso partido”. Por fim, disse Renato, “pela sua história de vida marcada pela generosidade, pela dignidade e pela coragem, ela mesma, dona Julieta, é uma heroína do povo brasileiro”.
Uma simples rosa vermelha
Os irmãos Jaime Petit da Silva, Lúcio Petit da Silva e Maria Lúcia Petit da Silva foram três dos de 69 militantes do PCdoB mortos durante a Guerrilha do Araguaia, que em 12 de abril completou 35 anos. O conflito começou em 1972 e durou três anos. Em 1975, sob o comando do major Curió, a Guerrilha foi dizimada pelas tropas do Exército. Até hoje, não se sabe ao certo quantos foram os mortos do massacre. Dos três filhos de Dona Julieta, apenas Maria Lúcia teve seu corpo resgatado e sepultado em 1996. Jaime e Lúcio permanecem desaparecidos.
Em artigo escrito por João Amazonas quando da morte de Maria Lúcia, em 1972, e publicado na revista Princípios número 44, o líder comunista disse: “Eu queria colocar uma rosa, uma simples rosa vermelha entre as mãos geladas pela morte da guerrilheira do Araguaia, Maria Lúcia Petit. Seria uma homenagem simbólica, dedicada àquela que deu a vida lutando pela liberdade e pelo bem do povo. Com esse gesto eu exprimiria toda a ternura de seus companheiros e a afirmação solene de que seu sangue não foi derramado inutilmente. Mas, foi impossível de o fazer. Ninguém podia aproximar-se de seu cadáver, vigiado pelas forças militares, nem conduzir eu corpo a última morada. Os bandidos do Exército têm medo dos combatentes da liberdade, mesmo após sua morte. De longe, seus amigos choraram a perda desta jovem dedicada à causa dos oprimidos e juraram prosseguir a luta contra a ditadura sanguinária até a vitória final”.