Audiência sobre acidente no Metrô SP condena gestão tucana

A audiência pública para obter esclarecimentos sobre o desastre ocorrido nas obras da linha 4 do metrô de São Paulo, que resultou na morte de sete pessoas e mantém um dezenas de casas ameaçadas de desabamento, foi marcada por severas críticas ao método

Parlamentares e representantes dos moradores da região atingida pelo desmoronamento das obras, o presidente da Federação Nacional dos Metroviários de São Paulo, a representante das vítimas do desastre e deputados estaduais presentes à audiência apontaram o descaso. Eles criticaram a ausência do secretário de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Luiz Antônio Guimarães Marrey, na audiência, e afirmaram que seu não comparecimento para esclarecer a posição do governo Serra é um desrespeito à Câmara dos Deputados, às vítimas, e ao legislativo paulista.


 


Presidida pelo deputado Pedro Wilson (PT-GO), a reunião decidiu enviar ofício ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com pedido de audiência. “Vamos pedir para que um grupo desta comissão possa se encontrar com representantes do governo de São Paulo. Esse pedido é justificado pela ausência de representantes do governo paulista numa audiência feita para justamente ouvir o estado”, disse o deputado.


 


“A ausência do representante do governo paulista demonstra a arrogância e a falta de transparência dos tucanos. Na oposição, eles exigem CPIs, mas quando estão na situação não aceitam nem dialogar com movimentos sociais”, criticou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).


 


Riscos


 


Durante a audiência, a representante das vítimas, Zelma Marinho, relatou a situação precária de sua casa e de outras próximas à cratera aberta pelo desabamento das obras da estação de metrô Pinheiros (zona oeste). “Minha casa está desabando e outras casas também têm muitas rachaduras e vazamentos. O solo está rebaixando, a rua está rebaixando. A Defensoria Pública considerou que havia risco de vida na minha casa, mas os engenheiros do metrô negam que as condições sejam por causa das explosões da obra”, disse. Ele afirmou que mora com as netas de 10 anos, 7 anos e 1 ano, que têm medo da casa desabar a qualquer momento. “Não tenho dez casas para escolher em qual vou morar, mas tenho toda minha família nesta casa”, disse Zelda Marinho. “Isso é de responsabilidade do governo de São Paulo (PSDB), que fez o contrato. O metrô é uma obra pública que pagamos com nossas contribuições”, acrescentou.


 


Os representantes dos metroviários de São Paulo e deputados estaduais também apontaram responsabilidade do governo paulista no desastre.


 


Segundo Wagner Fajardo, presidente da Federação Nacional dos Metroviários de São Paulo, o acidente é resultado do modelo que vem sendo implementado pelo governo paulista, com eliminação do subsídio ao transporte, esvaziamento do corpo técnico do metrô e acordos passíveis de explicação.


 


Ele afirmou que, nos últimos anos, foram demitidos de 400 a 500 técnicos do metrô, profissionais experientes, e que o empréstimo feito com o Banco Mundial para a obra foi de “porteira fechada”. “Comprou-se um trecho de metrô, mudaram o modelo de obra e gestão e a fiscalização hoje é feita por um consórcio que reúne nada mais, nada menos, que as cinco principais empreiteiras no país. Na estação Pinheiros, pelo modelo de gestão anterior, deveriam trabalhar 30 profissionais, entre técnicos e engenheiros. O que temos hoje são 17 ou 18 técnicos. Ou seja, não há fiscalização nenhuma”, criticou.


 


Deputados estaduais criticaram ainda o modelo de construção do metrô e afirmaram que o método de fogo e explosão é mais barato para as empreiteiras, mas não estava previsto. “Foi uma mudança no meio do caminho. Toda a extensão de linha 4 tem casas danificadas a cinco ou seis quarteirões de distância da cratera”, disse José Zico Prado.


 


“O objetivo dos tucanos é a privatização do metrô de São Paulo, não só da obra como de todo o sistema operacional. Por isso retiraram os subsídios ao transporte e demitiram muitos funcionários. A privatização vai começar pela linha 4, mas o projeto é ampliá-la para as outras linhas no médio prazo. E não existe discussão sobre a privatização porque os tucanos se negam a discutir”, destacou o deputado Zarattini.


 


Fonte: Informes