Tambor-de-Crioula do Brasil
Sob o rufar de centenas de tambores o Maranhão viu o Tambor-de-Crioula, uma de suas principais manifestações culturais, se tornar patrimônio imaterial brasileiro. O Ministro da Cultura, Gilberto Gil, esteve ontem na capital maranhense, com os membros
Publicado 20/06/2007 12:22 | Editado 04/03/2020 16:48
A Casa das Minas, tradicional terreiro de culto afro no estado, e também tombado pelo Patrimônio Nacional, foi o palco para a 53 º reunião do Conselho do Iphan. Uma reunião, pode-se dizer, inédita, já que em todas as vezes que aconteceu, o conselho sempre procurou se reunir em grandes e suntuosos prédios, como igrejas e museus.
A Rua de São Pantaleão, onde fica a Casa das Minas, foi toda enfeitada com retratos de personalidades que foram e são importantes para o Tambor-de-Crioula.
Primeiro a reunião se deu às portas fechadas, para depois, o próprio ministro anunciar que o tambor já poderia ser referenciado como Patrimônio Nacional. A partir daí, segui-se um cortejo, em que à frente ia a imagem de São Benedito, até à Fábrica das Artes, local onde existe uma capela em homenagem ao santo, que é o padroeiro dos brincantes, e que foi transformado em Museu do Tambor-de-Crioula, o décimo segundo de São Luís.
Ali, ainda foi lançado um selo comemorativo à data, e as diversas autoridades presentes proferiram discursos, além de uma apresentação do Tambor do Mestre Felipe.
Raízes
Gilberto Gil fez questão de lembrar as raízes do Tambor, que remontam aos negros escravizados, e que no princípio sofria até certo preconceito por parte das chamadas elites. Mas ontem, ele o chamou de nobre manifestação brasileira.
Para ele, a manifestação é bem mais que a festa, ou a música; inclui também as pessoas. O registro não basta para garantir sua sobrevivência. É a nossa responsabilidade que vai, exortou.
A frase do ministro foi respondida pelo governador Jackson Lago: temos consciência dos nossos deveres na manutenção desse patrimônio. Lago compôs a mesa da cerimônia ao lado de Gilberto Gil; da vice-prefeita Sandra Torres, aqui representando o prefeito, Tadeu Palácio, que se encontra em um encontro na Rússia; do presidente nacional do Iphan, Luiz Fernando de Almeida; do secretário de cultura, Joãozinho Ribeiro; e de deputados e vereadores.
E o Maranhão já tem em processo um outro bem cultural para ser declarado Patrimônio Imaterial Brasileiro: o Bumba-meu-boi. O presidente nacional do Iphan, Luiz Fernado Almeida, afirmou que o processo de reconhecimento já está em andamento, mas que ele não sabe quanto tempo vai demorar até que o conselho consultivo do Iphan se reúna mais uma vez em São Luís.
Ele explicou, que tudo depende de diversos agentes culturais que devem se reunir para produzir um inventário a respeito do Bumba-meu-boi. Esses agentes devem fazer parte dos diversos ritmos, ou sotaques, que compõe a expressão cultural no estado.