Servidores parodiam músicas de Fogaça

A greve de 21 dias dos servidores municipais de Porto Alegre, encerrada no dia 12, não foi marcada apenas pela retomada das mobilizações da categoria. Os municipários conquistaram um reajuste de 2,25%, além dos 3% concedidos em maio e 12,5% de aumento

A vitória da categoria foi embalada por duas canções inusitadas, que parodiam músicas do prefeito José Fogaça (PPS), também compositor.


 


Baseados em “Porto Alegre é Demais” e “Vento Negro”, duas canções de Fogaça, os municipários fizeram paródias que se tornaram marcas da mobilização, como explica o secretário-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Raul Giacobone.


 


“Foi uma idéia de uma municipária, colega nossa professora, que é do meio, é artista. Ela teve a idéia de fazer a primeira paródia ‘Porto Alegre é Jamais’. Usamos na campanha passada, mas como a campanha passada foi curta e a campanha fez sucesso entre a categoria, usamos de novo esta mesma música, e esta mesma colega contribuiu com mais uma composição, que é o ‘Vento Municipário’, uma paródia do ‘Vento Negro’”, relata.


 


As músicas foram publicadas na internet, pela assessoria de imprensa do sindicato, e ajudaram a aumentar a popularidade. Para Giacobone, elas ajudaram a mobilizar a categoria.


 


“A forma da paródia é bem interessante, porque é uma coisa leve, que foge do discurso tradicional ou da panfleteação com texto pesado. É uma forma agradável de as pessoas marcarem qual é a reivindicação”, diz.


 


O sindicalista relata que chegou a receber reclamações do secretário municipal de gestão, Clóvis Magalhães, para quem as músicas eram anti-éticas. Mas para Raul Giacobone, não há tom agressivo nas manifestações.


 


“Nenhuma das duas letras traz nenhum texto mais agressivo, apenas coloca qual é a nossa visão em relação ao processo negocial, e a visão deste governo. A música consegue refletir isso”, afirma.


 


Embora buscassem reajuste de 20%, os municipários avaliaram como positiva a greve, que chegou a reunir mais de três mil trabalhadores em assembléia. “Além da questão do ganho financeiro, que é o central da nossa mobilização, mas também pela recuperação da auto-estima do servidor público municipal. Depois de dez anos sem o sindicato, agora reconhece o seu poder de mobilização e o instrumento sindicato como instrumento legítimo de reivindicação”.


 



Agencia Chasque