Ciro fala de candidatura e diz que não aceita veto

O deputado federal cearense diz que não está feliz com rumos do governo Lula e afirma que estaria mentido se dissesse que não quer disputar a Presidência. No entanto, afirma que a oposição larga como potencial favorita em 2010

Com a língua afiada de sempre, o deputado Ciro Gomes (PSB) já prepara sua candidatura à sucessão do presidente Lula, em 2010. Espera receber a bênção de Lula, mas sabe que será muito difícil ter o apoio do PT e do PMDB, os principais partidos da coalizão governista. “Não aceito ser vetado”, diz.


 


 


Como anda sua candidatura a presidente?


Não anda. Eu tenho juízo. Ao contrário de muita gente, acho que o outro lado, leia-se PSDB-Democratas, é potencial favorito nas próximas eleições. Uma engenharia que unifique o PSDB ao redor da candidatura do Aécio (Neves, governador de Minas Gerais) deixa essa coalizão favorita, ainda que Lula esteja bastante bem.


 


Esta é uma hipótese. Mas e se o candidato for Serra?


 


Se o candidato for Serra, esse favoritismo se atenua, porque ele perde em Minas, no Rio e não entra no Nordeste. Mas duas coisas podem compensar o favoritismo dos tucanos com Aécio: primeiro, um incontrastável êxito no segundo governo Lula; segundo, muito juízo, que não é o que está sobrando na coalizão.


 


Quem não está agindo com juízo?


A marcha do contra-senso tem um símbolo, que foi a forma como se tangeu a eleição para a presidência da Câmara (com dois candidatos da base aliada: Arlindo Chinaglia, do PT, e Aldo Rebelo, do PC do B). É que o presidente Lula tem muita sorte. Além de ser muito trabalhador, sério e competente, ele tem uma estrela que é do tamanho do planeta.


 


Essa marcha do contra-senso ainda persiste?


Acho que não. Tenho conversado freneticamente e a primeira questão é: não se pode ter um candidato hoje. Se eu disser que não quero ser, estou mentindo. Eu amadureci muito e aprendi com Lula. Mas é preciso que ninguém se antecipe nem vete ninguém. Precisamos combinar o que o País precisa no dia seguinte do governo Lula. Eu não estou feliz.


 


Por quê?


Acho que estamos muito bem, olhando pelo retrovisor. Mas, se olharmos os problemas do Brasil e o potencial do País, estamos muito aquém.


 


O senhor crê que haverá um único candidato da coalizão?


Estou tentando ser um estadista e vocês não deixam (risos). É da natureza do PT que ele tenha candidato e afirmo a vocês que poderá ser ou não o nosso.


 


O senhor será candidato com ou sem o apoio de Lula? Enfrentaria o PT?


Se tenho coragem de mamar até em onça, quanto mais de cumprir uma missão que eu considere relevante. Nós tudo fazemos hoje para garantir que o presidente Lula pilote, em 2010, um incontrastável sucesso. Não vejo que sucesso sejam os méritos do primeiro governo, que estão norteando a atual avaliação. As pessoas, naturalmente, querem mais. No futuro temos a questão da infra-estrutura e uma sombra grave, que é a falta de energia. A segunda circunstância é juízo político. Eu não aceito ser vetado.


 


 


Fonte: O Povo