Pais separados protestam no RJ pelo direito de ver os filhos
O movimento “Pais por Justiça”, formado por homens separados que lutam por mais convivência com os filhos, aproveitou o Dia dos Pais para protestar na praia de Copacabana, no Rio, neste domingo (12). Foram fincados na areia 365 bonecos de plástico. Cerca
Publicado 13/08/2007 18:33
A manifestação representa o início do movimento “Pais por Justiça” no Brasil, que, de acordo com os organizadores, tem o objetivo de mostrar a “inconformidade de muitos pais que estão sendo obrigados a recorrer à Justiça para uma simples visita no final de semana”. As vilãs da história: as ex-mulheres que estariam impedindo esse contato.
De acordo com Falcão, a idéia de promover o protesto surgiu após conversas pela internet entre o pais que estão enfrentando esse tipo de dificuldade. Falcão, um designer de 41 anos, relata que sua história é exemplo do que acontece com outros pais, já que, segundo ele, a fórmula utilizada pelas mães é sempre muito semelhante. Após uma separação conturbada e da regulamentação das visitas, realizadas de maneira restrita, elas passariam a manipular psicologicamente as crianças, gerando perda de vínculos entre pais e filhos. Ele afirma que no grupo há casos de pais que estão há mais de cinco anos sem ver as crianças.
“Há até casos de falsa acusação de abuso sexual, gerando processos em que somos impedidos de ver nossos filhos. Às vezes podemos fazer isso apenas frente a monitores”, desabafa Falcão, pai de uma criança de cinco anos e que tem um caso parecido, mas prefere não dar mais detalhes, já que o processo corre em sigilo de Justiça.
Nome
O nome do movimento é inspirado em uma ONG inglesa chamado “Fathers 4 Justice” (abreviação de Pais por Justiça, em inglês). O grupo internacional está presente em quatro países e também protesta pela manutenção da vida social entre pais e filhos, utilizando métodos pouco ortodoxos. Jogar preservativos com farinha no ex-primeiro ministro inglês Tony Blair e escalar o palácio de Buckingham, em Londres, estão entre alguns dos atos dos integrantes da ONG, que sempre se vestem com fantasias de personagens infantis para cometê-los.
Falcão ressalta que os brasileiros apenas escolheram o mesmo nome e que o movimento não concorda com essas práticas. Na manifestação de domingo, os bonecos simbolizaram melhor a irreverência dos pais. O número dos 365 bonecos também simboliza o número de dias que uma criança deve ter pai. Os pais também distribuiram folhetos sobre sua causa e estenderam faixas em Copacabana.
Problemas com a Justiça
De acordo com o designer, a intenção do movimento é “abrir os olhos da Justiça para esse tipo de caso”, mostrando que são muitos os pais que enfrentam a situação. Entre os problemas apontados por ele estão a falta de preparo de psicólogos e assistentes sociais responsáveis pelas avaliações forenses, que acabam “caindo nas armadilhas montadas pelas mães”. A saída, segundo ele, não é criar novas leis, mas sim exigir que as normas sejam cumpridas. “Às vezes o juiz determina certas coisas e a mãe não cumpre, mas nós não conseguimos fazer com que ela aja corretamente”, afirma.
Entre as medidas pretendidas pelo grupo está a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal do Rio de Janeiro para discutir o assunto. Eles também pretendem fazer uma campanha junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para conscientizar esses profissionais. “Às vezes são eles quem fomentam as mães a fazerem esse tipo de denúncia. Não sabemos se vai funcionar, mas queremos pelo menos incomodar”, diz Falcão.